sábado, 30 de abril de 2016

O MACACO DO CIRCO USAVA SHORT

Lembro-me que o short de nylon virou uma "febre" nos anos 80. O sonho de consumo de uma criança pobre, era vestir um short de nylon, porque passou a ser uma "curtição", algo que estava na moda. 

Certa vez, um carro de propaganda de um circo que havia sido montado num bairro carente, levava a reboque uma jaula com o macaco "Joel", a atração do evento. E lá passava o macaco, vestido com um short de nylon. 
Muitas crianças comentaram: "Puxa, o macaco tem um short de nylon, e eu não tenho."

Haveria, porventura, alguma criança em cuja cabeça passou a ideia de fazer mal ao macaco para roubar-lhe o short? E a notícia de que alguém foi atacado por causa de um tênis novo? E aquela garota da escola que desfigurou o rosto de sua colega por achá-la bonita demais?

É muito comum para quem é "bombardeado" por apelos consumistas, desejar aquilo que não tem. Apesar de aquelas crianças não terem um short de nylon, elas não estavam nuas. 


A educação exerce um papel muito importante para ampliar a visão das pessoas sobre questões que se resumem na supervalorização de um fato isolado, de importância não tão relevante em sua essência, mesmo que para a "vaidade" seja importante.
Eu sempre rejeitei a ideia que ouvia no passado, quando em certas discussões entre colegas de escola, ou em conversas de alguns adultos, que diziam: "O banco foi assaltado? Não tem problema. Os banqueiros tem muito dinheiro!" O mesmo argumento ocorria quando algum rico era roubado ou sequestrado: "Pelo menos ele é rico. Tem muito dinheiro."
Eu não aceitava esse olhar, porque não conseguia considerar a posse do assaltado, mas o crime cometido. 
Parece que esse mesmo argumento é usado, por exemplo, quando um pobre é levado à delegacia policial após furtar algo para comer. A necessidade do pobre é colocada como uma justificativa para o "crime" e, parece que quando há um motivo forte para o crime, ele se torna menos crime. Se existe uma boa justificativa, o crime é mais aceitável. 

Uma sociedade que assume esse olhar como um fim para combater as diferenças sociais, aquecendo as lutas de classes pelo ódio, pela força bruta, pelas invasões, ou por qualquer tipo de ação movida por um sentimento de necessidade, inveja ou ambição sobre objetos ou coisas que pertencem ao outro, ou que justifica esses atos por uma necessidade básica, é despida de valores que são capazes de refrear os impulsos animalescos da sobrevivência. Por outro lado, a solidariedade, o compartilhamento, o olhar fraterno dos maiores sobre os menores não advém de uma imposição, mas de um alcance espiritual que supera as escalas de discussões no âmbito de políticas que apregoam a justiça social que sustenta essa celeuma. Sem o alcance individual dessa escala espiritual elevada, os que detém bens, se tornam tão animalescos para defender suas posses, assim como os que anseiam esses bens atacam para possuir o que pertence ao outro. 

Toda discussão política que se resume em lutas de classes, sem um sistema educacional que leve o indivíduo a entender que o compartilhamento, a solidariedade, o amor ao próximo, o respeito às coisas alheias, o limite dos direitos, tende a se aniquilar nas lutas armadas e na arregimentação do ódio, do rancor que leva o ser humano para a escala mais baixa que se pode alcançar. O que poderá mudar a história, não é a força da lei que obriga os homens amarem uns aos outros, mas a força do próprio amor. 
   

domingo, 17 de abril de 2016

"ANJOS DO BEM"

Hoje tenho algo importante a compartilhar, e o faço na primeira pessoa. Deus está me dando uma grande oportunidade de fazer um trabalho que sempre foi o alvo de minha carreira, desde os tempos em que, pela primeira vez, ganhei um programa de rádio, em 1991. Por muito tempo, os programas que apresentei ajudaram muitas pessoas com remédios, roupas; cadeiras de rodas; alimentos; casa; encaminhamento de dependentes químicos a tratamentos em clínicas. 

Eu sempre pensei em que minha profissão poderia ser útil às pessoas, além de apenas comunicar. Me preocupava com algo prático, que mobilizasse, que construísse algo sólido na vida de meus ouvintes. Passar mensagens positivas, mensagens de esperança nem sempre é suficiente. Com o rádio e a televisão, como meios de comunicação, é possível ir além. 

No rádio ou televisão, é muito fácil falar, mas é fácil fazer também. Promover-se é fácil, assim como é fácil promover também. É fácil pedir para si mesmo e seus projetos; fácil também é pedir para os outros. É uma questão de tendência de interesses. Os veículos de comunicação exercem importante poder de influência, pois oferecem grande contrapartida como uma via de mão dupla.

Encontrei recentemente pessoas com as quais dividi esse sonho e apresentei um projeto de programa de televisão. O projeto foi aceito e começamos os trabalhos de produção e articulação.  O nome foi escolhido: "ANJOS DO BEM."

O programa se caracteriza pela Ação Direta de Solidariedade em todas as áreas, não como captador ou tutor de recursos em nome de alguém, mas como suporte de promoção e veiculação de conteúdos que respondam às necessidades das pessoas em várias áreas. Uma via de acesso, com trabalho de articulação entre empresas e instituições. Não se trata apenas de um programa de televisão, mas de um projeto elaborado para promover o bem, a paz e a solidariedade entre pessoas. 

Acredito que o meio de comunicação, seja rádio ou televisão, tem uma grande força para servir de instrumento em favor das pessoas. Se em cada programação, em cada grade das emissoras, fossem separados o "dízimo" como espaço para a prestação de serviço às pessoas, diminuiriam, em muito, as dificuldades e carências de muitas pessoas. Isso eu experimentei no rádio. E sempre deu certo. Na televisão é um outro desafio que espero vencer. 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

"O CORRUPTO HONESTO"

Desde os tempos em que Jesus esteve em missão na terra em sua forma humana, o mundo vivia em trevas. Porém, a luz que Ele veio trazer, não era uma luz física, essa que vemos acender quando chega a noite. Jesus trouxe a luz do entendimento. E era esse entendimento que fazia as pessoas mudarem de atitude.

A corrupção imperava também desde aqueles tempos, não apenas, como alguns defendem hoje em dia, que a corrupção no Brasil, por exemplo, vem desde os tempos do descobrimento, em que os índios foram explorados por mercadores inescrupulosos.
A discriminação e racismo também era algo real, e até Cristo passou por isso quando disseram a seu respeito: "Pode vir alguma coisa boa do norte?" (João 1:46). O fato, por exemplo, de Jesus ter conversado com uma Samaritana foi uma maneira de quebrar o preconceito. Judeus e samaritanos não se davam bem. 
Discriminação entre ricos e pobres foi muito bem exemplificada no caso da viúva pobre que deu suas moedinhas, a única coisa que tinha, sob os olhares daqueles que se achavam em melhores condições (Lucas 21).

Um dos fatos clássicos descritos nos evangelhos refere-se a Zaqueu. O relato bíblico afirma que ele era um funcionário público, cobrador de impostos ilegais e extorquia pessoas. Desde aquela época, a corrupção era mal vista pelo povo. E qual a razão disso? A razão é que, todo ser humano, em sua essência, sabe o que não está certo. Uma criança sabe quando está sendo trapaceada numa brincadeira, sem ao menos alguém dizer isso a ela. No momento que alguém se torna prejudicado por ação de uma outra pessoa, alguma coisa errada está acontecendo. 
Para defender-se da verdade que desperta sua mente para o erro que comete, alguns acabam pegando carona na mentira, sempre que quer fugir de algo que interfere em seus interesses. 
Jesus colocou sua reputação em risco quando, no meio da multidão, olhou para o corrupto Zaqueu, ordenou-o a descer da árvore e prometeu ir em sua casa depois de encerrar seu expediente. Diante da multidão que conhecia a fama de Zaqueu, qual teria sido a reação da turba? 
Zaqueu, ao encontro de Jesus, começou a mudar de vida porque ele entendeu a luz.

Zaqueu prometeu a Jesus que devolveria quadruplicadamente tudo o que havia defraudado (roubado) do povo. Zaqueu foi um corrupto honesto. Honesto por reconhecer que era corrupto. Honesto por entender que deveria devolver o que havia roubado.

Honestidade é como aquele pensamento que tenta nos corrigir sempre que imaginamos fazer algo errado, mesmo uma criança em seu joguinho com os colegas. Não dar ouvidos a essa luz que pisca dentro de nossa mente, é passar por cima da oportunidade que temos de nos tornarmos pessoas melhores e honestas, primeiramente conosco.   Honestidade não é apenas pagar o que deve. Honestidade é ser verdadeiro. Dizer sim, quando sim. Não, quando não. É reconhecer os próprios limites. É dizer que pode, quando pode; que não pode, quando não pode. Sob o aspecto da "inteligência emocional", muitos são levados a dizer com outras palavras aquilo que sentem, sem chocar as pessoas. Mas a verdade é clara. Se não estamos preparados para a honestidade do outro, jamais estaremos preparados para sermos honestos. 

O encontro de Zaqueu com Jesus o ajudou a mudar de vida, de praticar aquilo que sabia que era correto, mas que as repetições de seus feitos o faziam enraizar-se ainda mais na corrupção. Ele cortou a corrente no momento que reconheceu e mudou de atitude. 
Nem sempre podemos devolver aquilo que roubamos do nosso próximo. Ninguém poderá devolver uma vida que tirou; fechar as feridas de uma agressão. O arrependimento nem sempre é aceito quando não podemos repor o que fizemos o outro perder. Mas essa questão entra numa outra esfera que não podemos entrar. A nossa parte é reconhecer e mudar; pedir perdão, sentir pesar pelo que praticamos e nos sentir perdoados, mesmo que nãos sejamos aceitos pelo outro. Nos sentimentos do outro a nosso respeito jamais podemos interferir. A nossa parte é nos converter do mau caminho e os frutos falarão por si. 

quinta-feira, 7 de abril de 2016

ERRAR É HUMANO. ARREPENDER-SE É DIGNO!

O vereador Valdemir Soares, que também é pastor, (PRB) afirmou que vai renunciar ao cargo na Câmara Municipal de Curitiba. Em entrevista à RICTV, ele disse que está preparando a renúncia e que vai apresentá-la. “Estou preparando a carta de renúncia”, afirmou Valdemir Soares. Ele foi flagrado votando em lugar de uma vereadora numa sessão da Câmara Municipal. 

Uma pessoa jamais poderia ser avaliada por atos isolados, por questões circunstanciais de um momento, mas é assim que aprendemos. Aprendemos a criticar quem se arrepende e, por vezes, somos tentados a achar que o arrependimento não foi espontâneo, mas pela força da pressão externa depois do fato ser divulgado. Não somos Deus para julgar as intenções de quem quer que seja. O que deve ser considerado é apenas o ato, aquilo que observamos, vemos e até percebemos, de acordo com o nosso juízo de valor, considerando que nem sempre, o nosso juízo de valor é a base da verdade e da justiça.

O que é estranho é uma pessoa continuar se defendendo, legislando em causa própria, usando todos os artifícios e artimanhas escudada por um poder conquistado para desvencilhar-se de acusações comprovadamente atestada por graves indícios ou até mesmo provas.  

Honestidade, sem dúvida, é também reconhecer os erros, admiti-los e repará-los. Vivemos num momento da história em que a tentativa de mostrar que todos tem razão por seus erros pelo fato de todos serem errantes em algum setor da vida. Esse reconhecimento, pelo contrário, não imuniza a ninguém por seus atos falhos, mas aumenta sua responsabilidade, ao mesmo tempo em que indica que tal errante comete seus erros deliberadamente.  
Há muitos defendendo a Democracia, sem o mínimo de hombridade, decência e honra. 

Errar é humano sim. Mas sua reincidência acende o sinal amarelo. Há aqueles que cometem erros por ignorância. Mas há outros que se especializam nesse quesito. As leis são usadas para que, por meio do conhecimento de seus artigos, sejam costurados meios para não ser atingido por sua punição. Os atos de corrupção repetitivos que formam uma grande cadeia de importantes dimensões, sim, devem ser vistos como uma questão de caráter de quem os pratica. 
Antes de criticar aquele que se arrepende e aceita as determinações da lei sobre seus delitos, é importante observar aqueles que, deliberadamente tem feito o caminho inverso, ao criticar a justiça, a pôr em dúvida a lei e caçoar da verdade. Para esses, pode ser que não haja perdão, porque não se consideram transgressores. A arrogância e gana pelo poder, faz com que o pensar em si mesmo e em seus projetos de vida estão acima dos interesses a que seus cargos determinam. Todos erram, sim, e podem errar, porque essa é uma tendência de todo ser humano. Mas diante dos erros não arrepender-se, renunciando-o torna o ser humano indigno. 

quarta-feira, 6 de abril de 2016

SE O IMPEACHMENT NÃO ACONTECER, O CAOS TERÁ VALIDO A PENA


Dá para conjecturar que tudo o que vem acontecendo no atual governo é proposital. Não é concebível a ideia de que haja, de fato, tanta incompetência de um grupo que chegou ao poder pelo processo democrático, com propósitos bem definidos, embora não revelados essencialmente ao povo, mas apenas o que era uma expectativa do povo. É assim que trabalha a política. E foi assim que esse governo trabalhou, e muito, de todas as formas possíveis, para mostrar que era necessário ao País, e convenceu. As eleições de Lula por dois mandatos e o de Dilma Roussef mostraram que as articulações deram certo, que a política feita para as classes mais pobres deu a eles a contrapartida do voto. É indubitável a gana desse grupo pelo poder. A entrada de Lula na tentativa de salvar Dilma, visa a si mesmo e a seus interesses. Não é uma atitude democrática nem republicana. Pelo que se vê nas manobras de Lula para dar sobrevida ao falido governo, nem uma derrota nas urnas faria esse grupo admitir derrota, pois os indícios comportamentais, a maneira como agem e reagem mostram que estão preocupados apenas com seu projeto de poder, que não é o que espera o Brasil. É preciso muita competência e vocação para ser corrupto. É preciso saber com quem está lidando e os caminhos para alcançar os objetivos. O grupo que ascendeu ao poder em nosso país mostra, claramente, que não existe um inimigo à altura, apesar de tentar igualar a todos em suas falhas e isolá-los de seus acertos.  

Quando os reais propósitos, aquilo que está por trás das intenções, que ocorrem nos bastidores sem o conhecimento do povo ficam entre quatro paredes, cria-se uma nuvem de incertezas diante dos sintomas que começam a aparecer, mesmo diante de um discurso diferente do que se sente na prática. Assim se cria uma crise bem arquitetada, sinalizada pelo trabalho que tem tido a justiça para responsabilizar os agentes operantes desse sistema de corrupção que se implantou, aos poucos, em silêncio.  
Não dá para conceber a ideia de que tudo isso se deve à incompetência do governo. Não é. É preciso muita competência para ser corrupto, criar um cenário que aos poucos vai mostrando o caos que tentam reverter como algo positivo aos seus interesses, escondendo-se em argumentos de que todo ser humano é corrupto. Se um governo teve o direito de ser corrupto, isso justificaria o fortalecimento dessa corrente, ao invés de quebrá-la, pois isso custaria a aniquilação de um projeto de poder bem arquitetado entre seus grupos, cujos tentáculos se espalharam por todas as instituições públicas.


Se o impeachment de Dilma não acontecer, a debandada do PMDB a essa altura, assim como de outros partidos, e a chegada de novos apoiadores do governo pode ser um tiro no pé daqueles que desceram do barco, trazendo alívio ao governo, abrindo-lhe caminho para prosseguir com mente fixa na perpetuação do poder, colocando em prática toda proposta ocultada que, aqueles que possuem discernimento conseguem enxergar pelos sinais já vistos nos rumos que a sociedade vem tomando, inclusive na inversão de valores. Não é preciso apresentar provas. Os sintomas são claros de um desequilíbrio generalizado. Aqueles que veem do lado de fora conseguem perceber. Os que ainda estão escravos, de algum modo, do sistema que o alimentam, pode não ter a mesma perspectiva, pois estão numa outra escala. Quando os projetos são subjetivos, sua sutileza começa a minar a mente das pessoas, mudando sua visão de valores que foram construídos sob os pilares da justiça, do fortalecimento das famílias que são a base da sociedade; do respeito às diferenças, à propriedade, o mérito, sem incitar contendas e perturbações da ordem que se tornam fatores que desequilibram o bom senso, criando uma verdadeira celeuma social ao fazer com que se divida ovacionando suas razões e privilégios oferecidos de maneira terceirizada, sem conhecer, de fato as raízes de tais “benefícios” concedidos. Os fins justificam os meios, para essa filosofia que vem minando as mentes. 

É preciso observar de fora, as atitudes da sociedade e como tem se portado diante desses acontecimentos. Quem sabe, é isso mesmo que esse governo deseja. Continuar usando pessoas como “massa de manobra”, posando de vítimas e acusando como revanche, quem primeiro o acusa. O governo permitiu que o caos se estabelecesse para usar “as cartas da manga” e fazer valer exatamente o que desejavam: “desbrasilizar” o Brasil. Se o impeachment não acontecer, o caos sempre será revertido em benefício da corrupção, desmoralidade e injustiça, seja agora ou depois. Essas raízes se aprofundam e se fortalecem, tornando o país refém de uma outra classe social: "A elite política."