sexta-feira, 18 de março de 2016

QUEM FUGIRÁ DA JUSTIÇA?

Por mais que o homem tenta buscar meios para retardar as consequências de seus atos errôneos deliberados, os mais resistentes acabam, finalmente, tendo que enfrentar a si mesmos diante da vergonha da "nudez" de uma moral desmascarada ao ser encurralada pelos fatos. 

Muitas vezes nos tornamos "amigos" de nossos erros e nos damos bem com ele, até sermos "traídos" pelas consequências inevitáveis desses atos. É sempre assim, quando procuramos "empurrar nossos problemas com a barriga", protelando a oportunidade de darmos uma chance para nós mesmos de resolver esses problemas que nos afligem. Quando nos tornamos escravos de nossos vícios, o que fazemos é buscar justificativas para tentar minimizar o seu peso, e abraçá-lo como a nossa verdade e acreditamos nela a ponto de defendermos com veemência as nossas razões. Podemos maquiar os sintomas de uma doença para mostrar que estamos saudáveis, mas não dá para esconder quando a doença eclode. Como escapar da verdade? Não seria o momento de avaliarmos nossas condições e em vez de viver reagindo passemos a agir para mudar a situação? 

Deus olhou para a Terra e não viu um justo sequer (Romanos 3). 

Olhando depois, viu a Noé, Ló, Jó, entre outros. O que Deus considerou era que esses homens tinham características comuns, que os colocavam em estado de justiça. Eram tementes a Deus e se desviavam do mal.

A Bíblia fala dos limpos de mão e puros de coração. Salmo 24:4 diz:"Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, e não se entrega à mentira, nem age com falsidade." Este subirá ao monte do Senhor. 

O fato de "não haver um justo sequer" não é uma espécie de licença ou condescendência com a injustiça. É uma constatação que mostra haver, por outro lado, a escolha que podemos fazer pela justiça. "Quem nunca pecou, atire primeira pedra", como defendeu Jesus a pecadora, não promove o pecado, mas leva cada indivíduo a refletir sobre suas mais profundas intenções e suas atitudes consumadas. 

"Vai e não peque mais", foi o pedido de Cristo àquela mulher, livre da morte. 

Não há margem para desculpas quando lemos: "Pode o etíope mudar a cor da sua pele e o leopardo suas manchas?

Mas nós podemos escolher fazer o bem, mesmo tendo tendências para fazer o mal". (Jeremias 13:23). Sobre cada indivíduo recai a responsabilidade por suas escolhas. 
Não existe "justiça de Deus" e "justiça dos homens". Existe justiça. Ela é definida por sua própria essência que ultrapassa as argumentações humanas ou teses de defesa de um réu. A justiça acusa no "tribunal da consciência" onde nenhum advogado, juiz ou promotor tem acesso. "Cada um julgue-se a si mesmo." Essa é a essência da justiça. 

Se praticássemos a justiça, com base no amor ao próximo, que é a lei universal, jamais teríamos causas levadas aos tribunais e nossa honra colocada em dúvida. 

O momento em que vivemos como cidadãos ativos na sociedade, ao mesmo tempo em que dizemos amar a verdade, é dramático. Quando o Cristão toma algum partido nessa hora, acaba sepultando em vala comum a honra daqueles que se desviam do mal e não agem de maneira fraudulenta. A diferença não é a possibilidade de errar, mas a escolha de desviar-se do mal e manter-se limpo em meio à corrupção e mentiras. É isso que temos observado dos partidários políticos. O cenário não é satisfatório para levantarmos bandeiras, seja elas quais forem. A defesa da justiça e da honra, contudo, deve ser o alvo de todo aquele que se desvia do mal e que ama a verdade. 


Não é raro ouvirmos e lermos repercussão de frases de efeito e acusações de um lado corrupto para defender o outro lado, também corrupto. Estar ao lado de homens, levando para o pessoal o que deveria ser analisado profundamente na esfera espiritual, é disseminarmos pedras pelo caminho, nas quais tropeçamos por confiarmos naqueles que se autodenominam justos e inimputáveis. O orgulho faz com que levemos para o pessoal essas discussões e passamos a defender crimes de uns, pelos crimes de outros, e assim, permanecemos na escala das trevas. É uma luta de jogo de palavras que em nada contribui para a busca de soluções. 

Todo homem tem tendências ao erro, por isso erra. Porém, o reconhecimento de seus erros, independentemente das consequências que pode sofrer, ocorre quando abre espaço para o espírito da justiça e da verdade. Aqueles que se desviam do mal, mantendo suas mãos limpas e coração puro, que não acusam com mentiras. 


Avaliemos nossa condição e observemos a inclinação que adotamos em temas que nos afetam diretamente. O que seria praticar justiça? Quando a injustiça nos beneficia, deixaria de ser perniciosa em sua essência? 

O mal não é só mal pelos efeitos que produz, mas pela causa, ainda que de algum modo, aceitemos nos beneficiar dele. Por outro lado, a bondade e a justiça, o amor, a compaixão e solidariedade não necessitam dar explicações para suas ações. Quem erra precisa de advogado. Mas a justiça advoga-se a si mesma, pois se respalda na verdade. Cada ser humano, em suas faculdades mentais sadias, pode julgar-se a si mesmo. Não poderá deparar-se no espelho da alma mantendo suas mentiras. De que lado você está? O amor, a verdade e a justiça não tem lado.  


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