domingo, 31 de agosto de 2014

SÓ SEI O QUE NÃO QUERO

É preciso experiência e muita observação para chegar ao ponto de dizer o que não se quer mais. Mais cedo ou mais tarde chegamos a este momento. É natural que muitos de nós vivamos segundo a sugestão do sistema em que fazemos parte, seguindo orientações e até mesmo tradições, cujo desgaste serve de ponto de partida para a busca de  outras  alternativas.
Por um lado, os argumentos dominantes procuram imprimir a ideia de que sem a aceitação do sistema não haverá sobrevivência. E isso  se repete, independentemente do sistema operante. Quem está no poder, pretende, de todas as formas, colocar-se em posição decisiva nos rumos e no futuro de seus liderados. Mas aos poucos, pelas observações do discurso à prática é indiscutível que surja o descontentamento de grande parte da população que não tem correspondidos os seus anseios e expectativas sobre questões elementares de responsabilidade da administração pública.
Os que rompem com o sistema não tem certeza de que consequência essa rejeição traga  a  curto prazo, mas todo rompimento é necessário para que alguma mudança comece a ser operada.
A dignidade de alcançar determinado alvo na vida começa pelo rompimento. Levantando um exemplo clássico, o próprio Jesus considerou certa vez que quem não deixasse suas tradições e raízes por amor a Ele, não seria digno dEle. Tudo o que prende e torna-se barreira para o avanço deve ser combatido. Humanamente falando isso demonstra dignidade, honestidade.
Em questões políticas o que se percebe são grupos distintos que formam suas bases e seus aliados para implantar sistemas organizados para obter o poder de governar sobre a maioria da população nem sempre representada em seus interesses. Todo aquele que rompe com esse sistema de negociações internas, interesseiras e partidárias, pecando em suas ações efetivas pelo povo que legitima sua ascensão ao cargo de representante, tende a alcançar maior aprovação popular, diante do desgaste das ações oficiais e da mudança de objetivos unicamente para manter a governabilidade. De que adianta manter a governabilidade se esta não representa os anseios de seu povo? Observa-se com isso maior interesse pela fixação de determinados partidos e grupos no poder, sem considerar que a observação popular começa a se voltar para suas ações contraditórias. Com o passar dos anos, o discurso que atraiu no passado já não surte o mesmo efeito, pois na prática, as ações não revelaram as mudanças propostas.
Recentemente o ex-presidente Lula em discurso afirmou que “eles tentaram atrapalhar a eleição de Dilma e agora tentam outra vez. Eles não sabem do que somos capazes de fazer para Dilma ter mais um mandato.”
Onde fica a vontade popular nesse caso? Se Lula refere-se “eles” como a elite dominante,  esquece do povo que elege seus representantes. O que ele, o Lula ou o seu partido ou militância podem fazer contra a escolha dos eleitores?
As recentes pesquisas mostram o recado do povo, muitos criticados por suas opções, atacados por uma força tarefa militante do atual governo para tentar inviabilizar a troca de presidente. O recado do povo é de que não quer mais este governo. O índice de rejeição é bem maior do que as intenções de voto na candidata oficial. Pode até ser que o povo não saiba o que quer, mas está claro o que não quer: ser governado pelo PT. O que “eles” agora, o PT pode fazer para impedir a vontade popular, depois da oportunidade que teve de governar o país por 12 anos?
Não é a “elite branca e dos olhos azuis” que decide a vontade popular. O mandatário no cargo é o principal responsável por suas próprias ações diante do povo que representa. Ele é o alvo agora, não os eleitores. O quadro se inverte quando o discurso não convence mais. E é isto que está acontecendo atualmente. O povo está pouco interessado em saber se o outro será melhor que este. O que o povo não quer, é continuar com este. Esta pode ser uma explicação adequada pelo que está ocorrendo na corrida eleitoral. A preocupação não é com o mínimo que foi feito "e que ainda há muito o que fazer", o que eles dizem nos discursos, mas o básico e essencial que não foi feito e que ainda continua sendo plataforma em suas promessas de campanha. 
Tenho observado que as pessoas não estão mais dando ouvidos à denúncias em ano eleitoral, pois entendem que isso faz parte do jogo político que desconsidera a vontade popular. Tem surgido inúmeros ataques à candidata que se coloca como o caminho alternativo entre os dois polos que governou o Brasil e que recentemente em pesquisa popular empatou intenção de voto com a candidata do governo. É um jogo de poderes, que nada tem a ver com os interesses do eleitor. O PT conseguiu eleger Lula por causa das privatizações que o PSDB fez, e foi sua grande bandeira para vencer as eleições, acusando o governo de neoliberal. Até hoje o PT usa o discurso de 2002, ao referir-se ao governo do PSDB. Por outro lado, no governo, o PT repete as mesmas coisas com outra roupagem, usando eufemismos. Até hoje tentam destruir a imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelas privatizações que realizou em seu governo.

As graves denúncias do mensalão, por exemplo, (piores do que as que derrubaram Fernando Collor) não prejudicaram a reeleição de Lula, nem a eleição de Dilma Roussef. O eleitor está aprendendo a se guiar pelas mudanças práticas, não retóricas defensivas, o que afeta diretamente a sua vida e, mesmo depois de ter dado voto de confiança, apesar das denúncias de corrupção, agora o povo dá mostras de que quer trocar o governo. O que muda governo é a vontade popular. Isso independe de estratégias políticas. O poder ainda emana do povo.
A corrida eleitoral apresenta um "fenômeno" atípico. Uma força tarefa tenta fragilizar a força de Marina Silva, a menos rejeitada nas pesquisas. A mais rejeitada, Dilma Roussef, não seria escolhida por 38% dos eleitores. O cenário aponta que o povo não quer mais ser governado pelo PT. Essa tentativa de minimizar Marina, que não seria escolhida por apenas 10% dos eleitores ouvidos pelo IBOPE, pode acabar favorecendo o outro polo, o PSDB, cujo candidato tem 18% de rejeição. Todo o esforço contra Marina não será capaz de fazer o eleitor votar em Dilma, apesar da tentativa de associa-la ao Lula. Sob este ponto de vista, relaciona-la ao Lula, pode fortalecê-la diante dos eleitores do ex-presidente. O cenário e confuso. O bom mesmo e não tentar interferir na liberdade de cada cidadão escolher seu candidato, pois a tentativa de atacar quem esta subindo, pode levantar muitas suspeitas contra os atacantes.




O que é fato, é que este governo (PT) não pode mais falar em nome do povo para garantir sua popularidade, pois o povo deixou de ser representado em suas ações.  

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A HORA EM QUE A MUDANÇA É NECESSÁRIA

Talvez não há coisa tão pior quanto escolher o "duvidoso" porque o certo fracassou.  Mas o que é certo? E o que é duvidoso?
Quem pode ter certeza de que a semente que plantou vai nascer? Na verdade, não temos interferência no processo de germinação de uma semente, mas a nossa parte é cuidar da base, da estrutura, do solo onde essa semente vai ser plantada. Precisamos conhecer o berço onde essa semente será cultivada.
As escolhas que fazemos nem sempre são guiadas pela certeza, mas por hipóteses levantadas por nossas percepções e observações do meio ambiente. São sugestões externas que acabam interferindo em nossas posições e olhares. As hipóteses nos levam ao erro com a mesma chance de nos levar ao acerto. Mas é possível que as experiências vividas e a  maneira como somos capazes de avaliar os aspectos envolventes nos ajude a tomar decisões menos arriscadas sob o ponto de vista das suposições, ou até mesmo dos resultados explícitos.
De algum modo na vida, estamos sempre escolhendo.  As  vezes escolhemos o desconhecido e é natural que duvidemos daquilo que não conhecemos.  É possível que o certo de hoje era o duvidoso de ontem, no momento em que experimentamos, comparamos e assumimos.  E este certo quando deixa de corresponder à proposta pela qual originou  sua conquista, torna-se consequentemente indesejável. Assim se renova as expectativas por outro proponente. É um círculo vicioso do qual não nos livramos, pois a vida está em constante movimento e essas mudanças sugerem acompanhamento, exigem percepção dos fatos. Assim, o ser humano parece insaciável.
Quando se trata de questões políticas administrativas, a frase “não troque o certo pelo duvidoso” é muito utilizada por aqueles que se mostram contentes ou de certo modo realizados pelo trabalho exercido, sem perceber que antes de ter a oportunidade de mostrar serviço, seus antecessores diziam a mesma frase.
Apesar de na política a população entender que o mandatário precisa ser alguém confiável, honesto e de um passado honrado, no âmbito do poder, essas características são sobrepostas em muitos casos por manobras e negociações para a árdua tarefa de administrar conflitos de interesses. O sistema está pronto. Ainda que com capacidade de diálogo e negociações  a tarefa do executivo nem sempre é exercida da maneira como tal gestor se propôs a trabalhar. O respeito às diferenças e a maneira de lidar com as diversidades e as adversidades por um lado pode trazer certa harmonia para o funcionamento da máquina, mas por outro lado, essa máquina pode não sair do lugar; pode não haver avanço e pôr  a perder a esperança daqueles que foram atraídos pelo discurso da mudança e da novidade porque os interesses internos são mais fortes e que muitas vezes tornam as ações mais amplas em favor da coletividade reféns de um sistema vicioso. 

Essa é uma realidade dura que enfrentamos em nosso país. O que importa muito nessa questão é, que ligação direta tem o mandatário no sentido de viabilizar essas ações que depõem contra as estruturas democráticas e que participação tem ele como agente administrativo na desconstrução do princípio da moralidade, da honestidade e verdade, mesmo sendo “bombardeado”, e arriscando  sua representatividade e permanência no cargo. As manobras que visam apenas a manutenção de certos grupos no poder  são, sobretudo, um risco à soberania Nacional e a democracia, reduzida a questões de interesses classistas ou partidários. O problema não é a corrupção como uma realidade, mas como o Chefe de Estado se impõe diante dela. O problema não é o jogo político, mas que tipo de peça o Chefe de é no “tabuleiro.”  É preciso prestar atenção nos sinais, não daqueles que estão nos bastidores, mas daqueles que se apresentam como a solução, a figura que responde pela Nação, pois é sobre estes que recai a cobrança e a responsabilidade. Os desgastes por questões mal resolvidas ou encobertas, recaem principalmente sobre o chefe maior.  Se avaliarmos que no âmbito do poder todos são iguais, poderemos, com isso, viver sempre na dúvida e canalizar essa desconfiança para ações que não levam à mudança, pelo menos por um período de tempo. De que maneira nossos políticos acusados tem se mostrado diante das acusações? De que maneira  tem lidado com as denúncias e se comportado diante de revelações desastrosas de sua administração? Até quando podemos aceitar o discurso defensivo da responsabilidade compartilhada, sem que nenhum  sinal de  combate aos erros sejam vistos, antes, colocando em dúvida o papel desempenhado pela justiça que condena os membros de seu governo? 

A população precisa estar esclarecida a respeito dessas questões e o governo precisa ser transparente para que o que era certo, não traga dúvida suficiente para levar a outras escolhas duvidosas. Assim o ciclo se repete.  Isso ocorre quando se perde a confiança. E um povo desconfiado torna-se vulnerável e imprevisível em suas ações. Porque por um lado, o que importa para o povo não é o que realmente quer, pois o querer é provocado, e continuar querendo depende da resposta que o povo espera.  Neste ponto, nasce o desejo de não querer mais. É assim que a mudança se torna uma necessidade circunstancial. A necessidade de mudança acontece por desencanto ou descontentamento quando diante de uma promessa não cumprida, a expectativas frustradas quando se relaciona a uma espera que depende da resposta de outros. Mas também ocorre por questões pessoais, por erros cometidos e o interesse de fazer diferente. Mudar não é de todo ruim. Mas é sempre um novo desafio e requer disposição para enfrentar novas expectativas e isso sempre fez e fará parte de nossa história. E não é mudar por mudar. É preciso haver propósito. Mudar muitas vezes é doloroso, mas compensa pela disposição e empenho no processo seguinte, pois sair da zona de conforto leva a conflitos que exercem um papel importante no amadurecimento pessoal e na segurança individual pelo conhecimento de seus limites e suas conquistas. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

QUEM ACEITA AJUDA PERDE DIREITOS

No contexto das relações humanas, principalmente no que tange à esfera do poder e dos liderados, dos mais influentes e dos influenciados; do ativo e do passivo, é possível observar que, quem pede perde direitos. Quem aceita ajuda, perde garantias. Quem porventura maldiria a quem lhe deu o pão enquanto passava fome? Quem porventura se levantaria com fúria contra quem lhe estendeu a mão?

Certamente esse tipo de comportamento pode levantar acusações de ingratidão. Sim, a ingratidão existe, e os ingratos também. Porém é preciso em determinadas questões observar que quando algum tipo de ajuda é intencional, interesseira, não movida pelo sentimento de amor e compaixão, pode ser que o doador se sinta no direito de receber algum retorno daquilo que doou. A acusação de ingratidão vem à tona, quando aquele que recebe determinado tipo de ajuda, com o tempo percebe que a exploração e a retenção de direitos garantidos estão por trás desse ato de caridade dissimulado. "A torneira é aberta", mas a conta gotas, exatamente para não perder o controle e a manipulação. A supervalorização do que tem a oferecer acontece pela retenção, e a liberação ocorre quando o momento é conveniente. Aqueles a quem derrubam nos bastidores são levantados em público, com sorrisos, "sem ressentimentos." Há inocentes que vivem felizes com as manipulações e manobras; porém há inteligentes que as vezes se fazem de desentendidos apenas para manter uma impressão de harmonia e contentamento. Perde-se a dignidade em troca de coisas ou posições. Elogiam os desafetos - considerados ingratos - em sua ausência apenas para esconder seu caráter prejudicial e assim colocar em dúvida qualquer reclamo. Em muitos casos, o erro é da "vítima", que sem um respaldo maior passa a ser desacreditado. De muitos se fala: "Ele não soube aproveitar a oportunidade" - sem destacar que para aceitar a oportunidade precisaria jogar fora seus valores; perder a dignidade e ajoelhar-se diante de um sistema contraditório. 

Há quem receie receber ajuda, achando que a regra é que todos cobrem depois. Mas nem sempre é assim. Há os que fazem o bem com sentimento inteiramente altruísta e muitos sequer desejam ser identificados. 

Parece soar arrogante quando alguém diz que não precisa de ajuda, e o que quer é oportunidade para gerar seus próprios recursos, por seus próprios meios. 
Lembro-me nos anos 80 de um cego que todos os dias viajava no trem do ramal Japeri a Central, Central Japeri todos os dias. Diferentemente dos outros, ele não pedia "uma esmola pelo amor de Deus". Ele vendia seus livrinhos de poesias, e dizia ao passar pelos vagões: "Minhas poesias. Comprem minhas poesias. Não estou pedindo esmola, gostaria que vocês comprassem minhas poesias" e recitava trechos de algumas delas. 

Mas essa, sem dúvida, é uma arma estratégica para manter a manipulação sobre os menos favorecidos dos quais são furtados o direito de evoluir, de buscar seus ideais, pelo contrário. Estes são levados a esperar unicamente a quem lhes dê algo, e em contrapartida, exaltar a quem o bem lhe fizeram.  Lembrar o “bem” que foi feito, é sempre uma reivindicação de quem se sustenta com a legitimidade da aprovação popular. Isso se vê nos discursos, nas conversas e reuniões administrativas, em que se mantém sempre a discriminação entre doadores e necessitados; onde se exalta o maior, apontando o menor como instrumento de suas ações, o motivo de sua luta.

Gratidão não pode ser exigida, pois é um reconhecimento individual e de sentimento íntimo de quem recebe. A ajuda recebida que se transforma em sentimentos desconcertantes e falta de liberdade que resulte em desconforto, pode revelar por um lado, a inteligência emocional do indivíduo por suas percepções diante do fato, que por outro lado pode ser interpretado como uma resistência às exigências que nem sempre se manifestam de maneira direta, onde essa percepção pode ser notada nas relações pessoais do ajudador com o ajudado e  vice versa.  A verdadeira generosidade nunca receberá a ingratidão em troca e jamais lançará em rosto o bem que promove.
No âmbito político ocorre da mesma maneira. Aquele que se promove dizendo ter feito algum bem para a população, se sente no direito de receber aprovação dos eleitores como forma de “gratidão.” Quantos políticos acusaram o povo de ingrato por não os terem escolhido? E quantos outros batem no peito dizendo que o povo os escolheu porque reconheceu o bem que foi feito?
Politicamente, a discussão está sendo levada mais para o lado pessoal isolado do que para o campo do desenvolvimento da Nação como um todo. O governo alardeia em suas campanhas que o pobre hoje anda de avião, mas não diz que isso não o enriqueceu. Os problemas são os mesmos; dívidas, inadimplência; falta de saúde, educação, entre outros, de obrigação do governo previsto pela Constituição. A Constituição não prevê que pobre tem que andar de avião, mas prevê que ele tenha salário e renda para suprir suas necessidades básicas, inclusive o lazer; que devem ser garantidas a segurança, a saúde e a proteção da família.

Com base na oferta de consumo, sem se dar conta da capacidade de endividamento (ou seja, se não fosse por ação direta do governo algo não seria possível) – pois falta ao povo elementos essenciais para garantir seu futuro independente sem o financiamento governamental – o governo sempre se vê no direito de lançar em rosto em período eleitoral, encabrestando com suas benesses superficiais que geram forte apelo por apoio e gratidão. Parece que as conquistas  do  povo não se deve ao seu próprio mérito e competência.
Quando se fala de gratidão, no âmbito religioso, a questão não muda muito de figura. Ainda existe o apelo emocional que naturalmente ouvimos: “Jesus deu tudo para você, doou sua vida por você, e o que você faz por Ele?” – Ou seja, repercutindo o mesmo pensamento em outras esferas, no campo espiritual, entendemos que temos que fazer alguma coisa por Jesus porque Ele deu a sua vida por nós.

Mas diferentemente da interpretação humana, quando observamos a maneira como Jesus agiu  aqui na Terra em seu Ministério, entendemos que Jesus fez o bem por excelência. Ele fez o bem porque Ele é amor; o seu caráter e pensamento não se comparam aos pensamentos humanos e suas referências, e jamais pediu reconhecimento ou sequer lançou em rosto alguma coisa que fez ao necessitado. O bem que Jesus promoveu na vida do ser humano foi para a sua libertação. Jamais haverá ingratidão por parte daquele que não teve apenas seus pecados perdoados, mas que foi libertado do peso da culpa. O sentimento é natural, pois despoja o ego e exalta o caráter do libertador. Essa experimentação, sem dúvida, traz a exaltação do Salvador na vida do salvado, sem a necessidade de algum elemento manipulador que toque apenas na superficialidade das emoções, que se guia apenas por vistas e sensações temporárias. O indivíduo passa a manifestar a gratidão não por uma exigência ou uma obrigação a ser cumprida, mas por ter experimentado a renovação do entendimento. Assim quando ele apresenta um sacrifício a Deus, não é em troca do sacrifício que Deus fez por ele, mas por uma ação construída por elementos naturalmente formados no coração com base na semente espiritual que germinou e produziu frutos. O bem que Deus nos faz não serve como um elemento de troca ou para nos tornar seus escravos. Ele nos salva para a libertação, assim como Jesus perdoou a mulher que seria apedrejada até à morte, orientando-a a não pecar mais, para que fosse realmente livre. Certamente a gratidão do liberto não responde a uma exigência do libertador, mas de seu reconhecimento.

Deus, certamente, agrada-se da oferta sincera que fazemos aos outros e a Ele, sem nenhum sentimento de obrigação ou cumprimento de um dever, que por outro lado, jamais exige um ato de gratidão. Assim também entendemos que Deus nos amou e nos ama, não como uma obrigação de Pai que cumpre o seu dever, mas por seu caráter que jamais mudou e não mudará independentemente da maneira como recebemos o seu amor. Aquele que aceita o amor de Deus e seus benefícios, diferentemente das expectativas humanas, jamais perderá seus direitos garantidos por sua promessa, não só para a nossa existência aqui, mas para a Eternidade. Este é o dom gratuito de Deus.  


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

NÃO É PRECISO SER PROFETA

A SOMBRA DO PASSADO
Eu era criança e não tinha entendimento ou noção do que se passava quando enorme fila se formava em frente a um armazém, como chamavam antes o supermercado, onde minha mãe também comprava. Por diversas vezes eu fui com ela para ajudar a carregar as sacolas de papel.
As pessoas não escolhiam a mercadoria como se faz hoje nas gôndolas dos supermercados: pediam no balcão o arroz, o feijão, o macarrão, entre outros alimentos e produtos da cesta básica. E a conta era feita ali mesmo, no balcão, com cálculos feitos a mão, quando o atendente tirava detrás da orelha a caneta para calcular o valor da compra. Os produtos eram vendidos e colocados em sacos de papel e pesados na balança e o preço era fracionado.  Era nos anos 70. Certa vez ouvi falar que estava faltando feijão. E a fila enorme se formava de mães e donas de casa para comprar uma quantidade reduzida do produto. A realidade era que os que podiam mais, compravam mais quando era permitido; quem podia menos, comprava o que o dinheiro podia pagar.
Mais tarde ouvia dizer sobre a inflação. Quando a inflação era grande o poder de compra diminuía e era necessário cada vez mais dinheiro para comprar os mesmos produtos quando precisasse deles outra vez. Ainda havia receio quando o salário mínimo aumentava. Não era motivo de comemoração, pois a população sabia que tudo ia subir de preço.Tudo aumentava também, e o poder de compra sempre inferior às necessidades. Ouvi falar em especulação. Os comerciantes estocavam produtos para lucrar mais quando os preços subiam, e por diversas vezes ouvi dizer que o mercado estava “escondendo” o feijão; o café; o açúcar. O café recebia o apelido de ouro preto por radialistas por sua supervalorização.
Meu  pai  chegou a vender a casa da família para comprar uma outra propriedade maior e até a venda se concretizar, o valor do outro imóvel que compraria subiu tanto, que teve perdas irrecuperáveis. Foi quando passou a morar de aluguel e o dinheiro foi suficiente apenas para comprar um  automóvel Variant ano 1976 no valor de CR$ 75 mil cruzeiros no ano de 1979.  

O país vivia uma crise, mas não tínhamos a noção nem informação de que o que vivíamos era uma crise econômica, porque de fato a população acabava por buscar alternativas de sobrevivência e nunca nos faltou alimento, roupa ou moradia; nunca nos faltou escola de qualidade, pois naquele período as escolas públicas não eram como é hoje. Mas tudo o que tínhamos era dentro do que era realmente o necessário, sem desperdícios; sem gastos excessivos, pois não havia nenhum apelo consumista, pelo contrário.  Quando se tinha o dinheiro na mão já se sabia o que fazer com ele. Não dava para planejar algo futuro contando apenas com uma fonte de renda que era consumida do dia para a noite. Poucas vezes vi mudança de móveis em casa, pois os que tinham duravam; a mesa  com  08 cadeiras lá de casa durou até pouco tempo; geladeira, acho que foram apenas três e lembro-me bem delas. Não havia grande necessidade de ostentar mobílias sofisticadas ou outros equipamentos supérfluos, mas havia fartura à mesa, mesmo com toda a crise de especulação e desabastecimento. Era tudo de qualidade e de durabilidade. Os produtos a maioria eram nacionais. O que hoje custa caro no mercado, era comum na mão das pessoas de baixa renda: Tesoura Tramontina; sandálias Havaianas; calçados Alpargatas; Conga, algumas marcas que se tornaram produtos da elite, que antes estava nas mãos de todos. Calçados e roupas dos irmãos mais velhos passavam para os mais novos; as roupas danificadas eram consertadas; os brinquedos eram feitos por nós mesmos e não havia ambição porque aquela era a realidade comum e ninguém reclamava da situação. A grande motivação para vencer a crise era o trabalho. Lembro-me vagamente de uma peça veiculada na televisão em que aparecia pessoas em vários tipos de trabalho. Um homem assentando tijolos; o padeiro amassando a massa do pão; o entregador de pão na bicicleta de carga com aquele cesto de bambu coberto com pano de saco branco; o homem do campo na lavoura, e no final de cada cena cada um olhava para a câmera e dizia o bordão: "Fé na gente, pau na crise." O trabalho era o único meio apontado para que a população enfrentasse a inflação e cada função tinha seu respectivo valor. Houve tempo em que o ganho era sobre a produtividade. Isso estimulava o trabalho. 
Não havia a diferença que se vê hoje, em que avalia-se o poder aquisitivo de alguém pelo modelo de carro que possui. Antes, escolhiam-se os veículos pelo gosto, pela marca, não pelos itens de série que apresentavam, ou o desejo por assumir profissões mais rentáveis que as outras. O engraxate conseguia construir casa e sustentar família com o dinheiro de seu trabalho. A costureira, idem. Havia pessoas que deixavam de estudar para trabalhar e ficavam bem de vida. Muitos começavam com uma banca na esquina e montavam seu próprio comércio depois, apesar das crises. Quem se dedicava ao trabalho ficava bem financeiramente e o trabalho era o grande estímulo para as pessoas saírem da miséria. O trabalho era valorizado e a população conseguia viver a vida com a função que exercia. Mas conheci brasileiros formados que preferiam lavar pratos para ganhar dinheiro nos Estados Unidos.
A volta da inflação é um fantasma que pode assustar de novo, devido a realidade em que vivemos atualmente, numa sociedade movida pelo consumismo, recebendo créditos e financiamentos do governo sem a devida capacidade de endividamento o que pode levar a crises futuras. O país está gastando mais do que arrecadando, exatamente por financiar programas sociais e agir em outras frentes populistas, de interesses escusos, tirando da população a consciência sobre economia e finanças;  esbanjando energias por algo que não se sustenta num momento de crise.

A balança comercial brasileira, que é o resultado de tudo o que o Brasil produz tem fechado com déficit; o superávit primário, que é a economia que o país faz para arcar com suas dívidas internas, é cada vez maior para pagar os juros da dívida. É como se você tivesse uma dívida em seu cartão de crédito e pagasse o valor mínimo, criando uma bola de neve. Basta pesquisar nos índices econômicos para certificar que a população está de igual  modo  endividada e aumenta-se o número de inadimplentes. Isso reflete em todo o mercado que deixa de arcar com suas dívidas junto aos fornecedores porque não recebe de seus clientes. Não é preciso ser nenhum especialista em economia para entender que se o volume que sai do caixa é maior do que o  que entra, com o tempo os recursos tornam-se escassos e se não há outra fonte de recurso para reposição do rombo a bancarrota vem a cavalo. Por outro lado, é grande a taxa de juros e impostos, e o trabalhador trabalha cerca de três meses do ano só para o pagamento de impostos que não são revertidos em investimentos que a população carece em várias áreas, sobretudo saúde e educação. 


O Brasil não mudou. Ele está mascarado numa falsa aparência de progresso. Há esforços para manter essa maquiagem, pois a revelação pode custar interesses políticos eleitorais irresponsáveis, mas um dia a máscara cai e se o povo não cair na real, não há plano que segure o galope inflacionário que vem pela frente, exatamente por falta de uma política econômica austera que pense no longo prazo. Não podemos criar uma sociedade perdulária numa falsa sensação de prosperidade,  que aliás está com a dívida “pendurada no prego.”
 
Um fato que pode ilustrar essa questão é aquele homem que foi enganado com o resultado da loteria, e queimou todos os seus móveis, roupas e casa, com a euforia de ter se tornado milionário e que podia comprar tudo novo de novo. A conferência estava errada, e ele perdeu tudo. Como agora recuperar o que destruiu? Levaria bastante tempo de trabalho e esforço. É exatamente isso que acontece quando gastamos antes de ganhar. É preciso ter margem de segurança.


O plano real trouxe um fôlego inicial depois de muitas outras tentativas de controle da inflação, que foi construído de maneira consciente com interatividade e a participação da população que foi orientada como seria o processo de mudança da moeda.Foi uma ação de muita inteligência, estudo de viabilidade técnica e operacional. O atual governo aproveitou os ventos a favor da economia no momento em que tomou posse, mas como o filho pródigo desperdiça; não planeja; gasta desordenadamente o que já não tem mais em mãos; negocia o que lhe é essencial para cobrir outra necessidade essencial, como que equilibrando-se em corda bamba sem admitir o desequilíbrio. 

Feliz é aquele que acredita na força de seu trabalho e não espera do governo de pires na mão, mas que cobra desenvolvimento do pais com políticas progressistas, pois entende que o povo brasileiro é trabalhador; feliz aquele que planeja bem o seu futuro para não depender de aprovação alheia para se reerguer ou para manter-se firme em meio à crise; feliz é aquele que não está na fila do benefício social, mas aprendeu a sobreviver com seus próprios recursos. Feliz é aquele que sabe construir sua casa sobre a rocha, sem a ilusão da oferta da casa pronta sem saber de onde surgiu e quem a edificou. 

A FICHA CAIU

Quanto mais exposto e conhecido é um administrador público aumenta-se tanto a rejeição quanto a aprovação, isso é óbvio. Dilma Roussef tem o maior índice de rejeição entre os demais principais candidatos, cerca de 37%, contra 18% de Aécio Neves e 11% de Marina Silva, segundo o Datafolha.  A desvantagem da candidata do PT em relação ao alto índice de rejeição, pode estar ligado ao tempo que está no comando do país, onde a população ainda clama por mudanças essenciais como saúde, educação entre outros pontos como infraestrutura e o crescimento da Nação. Em sua primeira e última entrevista em nível nacional, o candidato do PSB Eduardo Campos, morto em acidente aéreo um dia depois de sua exposição na Rede Globo e no canal Globo News, afirmou que o Brasil paralisou no governo do PT. Obras inacabadas, o descontrole inflacionário, a incapacidade de gestão com técnicos e especialistas em áreas específicas, abrindo espaço para apaniguados políticos, com o apoio de vários partidos sem identidade própria, mas que reforça o interesse do governo quando precisa votar propostas de seu interesse.
O principal partido de oposição ficou desacreditado por ser apontado como corrupto, assim como o PT de Lula, diante de diversos escândalos sobretudo o “mensalão” que os petistas consideram ter começado com o mensalão mineiro, que os tucanos não aceitam. O projeto do governo do PT é um projeto de poder, que aos poucos vai ruindo os padrões democráticos ampliando suas bases e presença por todo o Estado, não no sentido de promover mudanças que estejam em consonância com as expectativas populares, mas com a perpetuação em seus cargos, aumentando suas alianças e criando ministérios para abrigar partidos que os apoiam. A ideologia política deu lugar ao fisiologismo, onde a defesa  de  interesses personalistas estão acima do interesse nacional.

Sindicalistas e organizadores de protestos e mobilizações populares que num passado recente estavam nas ruas, foram abrigados no governo do presidente Lula, gerando conforto e uma aparência de paz social, sem protestos nas ruas, sem mobilizações, que surgiam essencialmente dos movimentos que o próprio partido organizava, com o apoio da UNE, MST; CUT e Centrais Sindicais. 

O PT teve 12 anos para mostrar seu perfil de governança que, sem dúvida, não saiu da base da pirâmide, sustentando e dando sequência a uma política viciada pelas barganhas e loteamento de cargos para sua sustentação no poder. Os últimos 20 anos não foram de grande impacto positivo no país em relação à infraestrutura, e o Brasil vem há muito tempo vivendo de créditos do passado na Indústria, na infraestrutura. O governo do PSDB se caracterizou em criar uma nova moeda para dar estabilidade econômica ao país e controlar a inflação. Foi um trabalho conjunto de técnicos, governo com o apoio da sociedade que foi informada sobre o que estava ocorrendo e o que viria após os desdobramentos. O PT conseguiu desconstruir a imagem do governo anterior pelas privatizações, que o governo defendia como uma maneira de tirar de sua responsabilidade empresas que precisavam crescer e que teria que dispor de muito trabalho para gerenciá-las adequadamente. A marca do governo petista era tirar milhões da pobreza ampliando o programa assistencial lançado no governo anterior. Lula dizia em sua campanha “que era preciso dar o peixe, mas ensinar a pescar”, mas é grande o número dos que ainda se cadastram para o programa. Um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo revelou durante uma entrevista que tinha reservas sobre o programa Bolsa Família por não ter um caráter de continuidade para que as pessoas pudessem de fato sair da pobreza e andar com as próprias pernas. O fato é que o Bolsa Família representa 25 milhões de votos garantidos, como sustentou José Dirceu, retrucando a posição de Bicudo. Pelo andar da carruagem petista dá para perceber que sua intenção a longo prazo, é a de enfraquecer cada vez mais a oposição nos Estados, o que dificultaria alianças de partidos não alinhados com o governo. Assim tem sido pelo lançamento de candidatos ao governo de capitais estratégicas como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, porém com candidatos fracos, sem expressão política de relevância suficiente para chegar ao governo. O PT se construiu com a imagem do Lula, apesar de protegida, já mostra sinais de desgaste por sua não influência para a eleição de seus indicados nesses Estados. É notório que o PT não tem em seus quadros um político Estadista, com característica de gestor competente, assim como não foi o Lula que foi eleito sem esse perfil de administrador público, o mesmo se repetiu com Dilma Roussef. Mas com o tempo, as ações se tornam claras. As dificuldades e a incompetência gerencial vão dificultando os resultados que a população espera. É preciso desconstruir a ideia de escolher o menos pior para escolher propostas diferentes. É preciso despolarizar a disputa num país imenso, com grande potencial de desenvolvimento em todas as áreas. 


É notório um projeto de poder político e personalista se comparado ao que fizeram pelo país. Depois de conhecido todo esse trabalho ao longo de 12 anos, o pedido de voto do partido para mais um mandato pode soar não como um pedido de oportunidade para mudar o Brasil, mas para garantir sua própria sustentação política e continuidade do discurso triunfalista que não mostra a verdade como ela é.


Os passos que o PT tem dado no âmbito do governo apontam para uma mudança de regime no país que lutou por uma democracia e que se vê aos poucos se aprofundando em projetos e propostas para facilitar o poder de liderança, sem considerar as leis que mantém a ordem e a justiça, em questões que contrariam a Constituição. Medidas provisórias editadas pelo governo em temas de interesse nacional são aprovadas sem o conhecimento da população, que interfere diretamente em sua liberdade, apenas para atender a interesses do próprio governo para sua sustentação. Quanto mais tempo no poder, o PT continua colocando em prática suas intenções, aumentando os tentáculos da corrupção em todas as esferas do poder, que não possuem independência e isenção, passando a agir de acordo com os interesses majoritários, mesmo que para isso tenham que mudar leis ou desrespeitá-las. O discurso da “perseguição“ política é sempre um alarde  quando percebem que seus atos são descobertos e vazados na mídia, levando-os a discutir e a criar leis que impeçam a liberdade de expressão, ou pedindo afastamento de jornalistas de canais de televisão que mostram posições críticas ao governo capazes de despertar a opinião pública para um outro olhar. Por outro lado ameaçam com a suspensão de verbas publicitárias de empresas estatais que em grande parte sustentam essas emissoras. Por outro lado as manobras para evitar cassações de mandatos de apaniguados políticos das figuras consideradas importantes para a legenda, que mesmo punidos pela justiça ainda tem o apoio partidário com suas influências para mantê-los em seus quadros. O embarreiramento da verdade pelos discursos sentimentalistas de seus protagonistas acabam desviando o foco do que deveria ser um ponto para ser avaliado e que passa despercebido pela população que passou a esfriar seus ânimos para a cobrança, pois o governo trabalhou demasiadamente para que o povo tivesse maior poder de consumo, o que tem levado a vertiginosos índices de inadimplência e descontrole das contas pelo demasiado número de oferta e pouca capacidade de endividamento da população que vive a ilusão de ter ascendido a uma nova classe média, apenas pelo poder de consumo. Até quando isso vai resultar em voto? 

Quando é que o povo vai entender que está sendo iludido como massa de manobra para legitimar um governo que pensa apenas em seu futuro político e para tanto usa instrumentos econômicos para maquiar a verdadeira imagem da sociedade, que na superfície mostra o que não tem no profundo. A tática do governo de “facilitar” a vida do povo financiando certos confortos, por outro lado, tem causado grandes danos nas contas do próprio governo, deixando faltar recursos para outras áreas como saúde, educação, infraestrutura.É preciso estar atento a tudo isso. Não basta apenas olhar para a mesa e perceber que há comida, que existe um carro ainda que financiado na garagem que passe uma ideia de ascensão social; daquele calçado de marca que antes era sonho de consumo. Uma nação não pode ter caráter personalista, mas deve responder aos reclamos estruturais que vai além de um povo bem nutrido, e do jovem com dinheiro na carteira para curtir as “baladinhas” nos fins de semana, mas o que esse jovem terá no futuro. Em que se resume suas expectativas além dos “rolezinhos?” Para isso, o governo de igual modo, precisa pensar o futuro do país em suas bases, em suas estruturas sem a ilusão mágica do agora. Um dia a ficha cai. A educação exerce um papel fundamental para que o povo, esclarecido, eleja um governo à altura e que não reproduza apenas o pensamento coletivo com medidas populares e eleitoreiras, aquelas que são "jogadas na cara" no período da propaganda eleitoral que desvia os olhares da população para os grandes interesses da nação mas que ensine, na prática, que tudo se consegue com esforço, trabalho, planejamento e muita honestidade. Por enquanto, não é isso que estamos vendo. E faz tempo. 

domingo, 17 de agosto de 2014

GANHA QUEM PERDE

Já imaginou se o conceito e a realidade  do ganho  fosse a perda? E que os reais vencedores fossem os que perdem, não os que ganham? Se o princípio da riqueza fosse o compartilhamento, não a retenção de bens? E que vencer na vida consistisse na negação do “ego” em vez de acentuá-lo pela capacidade e o sugestionamento de competição? E que o verdadeiro vencedor não é aquele que vence todos os obstáculos, mas aquele que sabe respeitar seus próprios limites e reconhecer seu real valor? Diante disso, que cenário poderíamos  visualizar no mundo? Seria de pessoas plenamente realizadas pelo sentimento de serem úteis umas as outras, ou de frustração pelo fato de entender que para ganhar é preciso que o outro perca? Mas o que temos a perder? De que maneira o que temos  a  perder nos ajuda a ganhar? Seria a retenção de algo que de algum modo pudesse ser favorável aos outros pelo simples fato de ser compartilhado?

Talvez não há ganho maior na vida do que a certeza de que seu pão foi granjeado honestamente sem fazê-lo faltar na mesa do outro; que o emprego que você conquistou foi pelo espaço aberto ao seu serviço por mérito e competência, sem o peso na consciência de que sua admissão custou a demissão de alguém por sua causa; que o teto que lhe abriga não custou o sangue nem o suor inocente; que sua ascenção ou status não foi fruto da usurpação dos direitos de alguém; que a sua vitória não custou o fracasso dos que também lutaram.  Mas há os que mantem a roupagem em ordem apenas para esconder a nudez moral.Há os que são incapazes de despir-se de seus cuidados e interesses para que o manto da justiça o envolvam. 

O essencial para a vida é tão natural que não se pode rebaixá-lo à categoria de “ganho.” Ganhar sugere disputa, enfrentamento, competição e, em quase todos os aspectos, esse ganho tem caráter unicamente pessoal, para alimentar o ego, ou para representar um grupo distinto ou uma classe, que de igual modo entra em competição porque há outros competidores. Que vantagem poderá trazer a não ser tornar o que se chama “vitória” algo que depende da derrota alheia?

Os verdadeiros ricos, prósperos e vencedores, talvez não sejam aqueles que ostentam o ouro e os bens acumulados; pode ser que os vencedores não sejam aqueles que estamos acostumados ver subir ao pódio, sendo aclamados pela multidão. Nem sempre a riqueza é vista; nem sempre o vitorioso é aquele ovacionado em meio ao burburinho de espectadores.

O plano espiritual ensina valores altamente profundos que foge ao olhar comum, daquilo que estamos acostumados a ver e ouvir.
Enquanto muitos estavam preocupados com as coisas da vida, o que ganhar, e o que poderiam perder, Jesus chamou a atenção dizendo:
“Por  que  vocês estão preocupados com a sua vida, com o que vão comer ou beber? Olhe as aves do céu que não plantam e não colhem, mas o Pai Celestial as sustenta. Vocês não valem mais do que as aves?”
No plano de Deus, perder é ganhar (S. Mateus 16).

Deixar de lado a autoconfiança e confiar em Deus, pode significar livrar-se de uma queda nos precipícios da vida; arrefecer o apetite pode livrá-lo de um prato de guloseima envenenado. Fechar as avenidas da confiança na própria força é proteger-se das guerras exteriores. O vencedor é sempre aquele que consegue aniquilar sua própria vontade movida pelo egoísmo e orgulho pessoal capaz de levá-lo à ruína. Perder o preconceito para ganhar um novo olhar; perder o atrevimento da autosuficiência e ganhar paz de espírito e serenidade. É preciso fazer uma introspecção e admitir o que temos perdido e o que temos ganhado e colocarmos na balança o que de relevante obtemos. É preciso sempre abrir mão de algo para obter outro. É preciso ouvir-se. Sentir-se para reconstruir-se; refazer o olhar; retomar a vida. Isso pode significar a "desconstrução" ou a perda de conceitos para ganhar uma vida de novidades. 
Quando nos apercebemos desse conceito e vivemos de acordo com essa sugestão, deixamos a mesquinhez para aproveitar, de fato, a grande riqueza da vida. Somos menos egoístas e o altruísmo começa a fazer efeito em nós, porque passamos a entender que há algo infinitamente maior do que a nossa maior necessidade ou querer à nossa disposição, enquanto que as preocupações e as disputas pelo pedaço de pão ou de terra que queremos reter faz com que sejamos perdedores pelo desconhecimento de que nossa força é tão limitada, que não podemos acrescentar um dia em nossa existência.

Certa vez um jovem estagiário em início de trabalho numa empresa foi solicitado pelo chefe para ir ao bar da esquina comprar-lhe um cigarro.

O jovem negou-se a comprar cigarro para o chefe, dizendo a ele que não o faria por seus princípios, explicando que o mal que não quer para si, não deseja ao outro, e não gostaria de ser colaborador do mal que o cigarro poderia causá-lo. O rapaz foi informado depois nos corredores que ele não deveria ter feito isso porque comprar cigarro era algo que todo estagiário no primeiro dia de trabalho era solicitado a fazer e ninguém ainda havia se  negado a fazer o "favor" para o chefe.
Ao ser chamado no outro dia o jovem temeu pelo pior, mas o chefe olhando firmemente para ele disse que a atitude do rapaz o havia marcado muito, pelo fato de ter negado algo ao seu superior, mesmo correndo o risco de desagradá-lo.
Quando não temos medo de perder, é que demonstramos ser que somos vencedores, mesmo sem entrar numa competição. É estarmos conscientes de nossos atos e agirmos em conformidade com a nossa consciência, sem passar pela nossa cabeça que tal atitude poderia nos tirar  o conforto, o emprego, o dinheiro. Somos vencedores quando não abrimos mão de nossos princípios para dar lugar a justiça e a honestidade.

Isso significa deixar de pensar em nós mesmos como o centro, mas como parte do todo que precisa funcionar adequadamente, mesmo que essas ações tornem dividido o sistema do qual participamos. O desajuste torna-se o ponto de equilíbrio, onde podemos observar que nem tudo está perdido. É um ponto de referência onde se percebe que o serviço em favor próximo ou do grupo do qual fazemos parte é o princípio da conquista em todos os segmentos. “É ajudar a carregar as cargas uns dos outros.”


É importante sabermos o que podemos perder, para sermos grandes ganhadores. De que precisamos abrir mão, para vencer o nosso próprio egoísmo e amor próprio exagerado, capaz de cegar a compaixão. É importante sabermos, o que podemos deixar ir, para que sobrevenha a nós a riqueza da operação do invisível, manifestando uma vida de fé e confiança não naquilo que vemos, mas no que não vemos e que há de vir. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

CONTRA FATOS HÁ ARGUMENTOS, SIM.

Certa vez eu e meu irmão fomos à casa de um amigo de nosso pai. Seu Silva como era conhecido, um idoso ex-combatente do exército. Algumas vezes ele ficava meio perturbado ao lembrar dos momentos que viveu na guerra. No fundo de seu quintal, uma jaula e um macaco pequeno. Chegamos à beira da jaula e começamos a brincar com o animal, que parecia feliz; fazia caretas; expressões engraçadas, no momento em que seu Silva chegou.

-Ele está gostando da gente, disse ao amigo de meu pai.
Foi quando ele respondeu, perguntando:
-Quem te disse isso? Quem te falou isso? Como é que você sabe?

Na minha cabeça de criança, tentei entender o que ele quis dizer. Mas ele quis dizer exatamente o que disse. Como eu poderia afirmar que o macaco estava gostando da gente por sua reação aparentemente amistosa? Quem me disse que o macaco gostou da gente?  Certamente eu não podia responder pelo macaco. Como é que eu poderia saber sobre a “informação” que dei ao seu Silva?

Na verdade, essa experiência pode ajudar a abrir os nossos olhos até mesmo em relação às informações que recebemos inicialmente. Muitas vezes falta um seu Silva para perguntar: “Quem te disse isso, quem te falou isso, como é que você sabe?” Se avaliarmos essas perguntas,  colocaremos  em dúvida toda e qualquer informação inicial que chega até nós, por meio dos veículos de comunicação que tem o respaldo oficial das autoridades públicas para transmitir informações. Nem tudo o que vemos, é. Nem tudo o que pensamos é de fato o que é. Muito menos o que nos levam a pensar. Temos o costume de guiar-nos por vistas, o que inicialmente parece ser diante de nossos olhos e que adentram em nossos sentidos e percepções, se multiplicando por palavras que reverberam e se estendem a outros, que de igual modo não tem o cuidado de apurar. De certo modo nos acomodamos por confiar que a informação que recebemos tanto pelo que é  dito por terceiros, tanto aquela que imaginamos ao julgar segundo o que vemos, pode não ser o fato. Mas a frase “Contra fatos não há argumentos”, de certo modo arrefece ainda mais a nossa busca por apuração do que de fato ocorreu. De quem partiu a primeira informação? Quem teria dito aquela palavra que foi o ponto inicial de uma investigação?
Vozes paralelas e destoantes ocorrem, muitas vezes, de maneira proposital a desviar o alvo que deveria receber maior atenção, nem por isso devem ser ignoradas, pois pode revelar motivações para as ocorrências.
Se, em algum momento é desconsiderada alguma hipótese, na tentativa de desviar o olhar para outro aspecto de interesses não revelados, é nesse momento que o argumento do fato passa a ser a dúvida. E é, sem dúvida, esse ponto obscuro, que necessita de maior atenção.  Dúvida, sim, em  primeiro lugar, quando uma investigação é centralizada, institucionalizada; blindada; não independente. Em segundo lugar, deve-se considerar a quem interessa a verdade ou a fraude na investigação de algum fato.  Seja qual for o interesse, a verdade parece ser sempre a investigada por institutos oficiais que obedecem a um comando maior.  As informações oficiais repassadas ao público, certamente, serão sempre aquelas que se alinham com o interesse de quem quer informar, e sempre de maneira conveniente, que resulte em resposta positiva da parte dos ouvintes e espectadores da mensagem.
O papel de jornalista, por exemplo, deixa de ser exercido em seu caráter original, que é de ir a fundo e apurar as informações, mas o que se tornou hoje demonstra ser apenas um “repetidor” do pensamento coletivo; não emitir nada que seja uma “provocação” aos poderes constituídos, não porque não queira, mas porque não pode.
Mas temos uma arma poderosa em nós mesmos. O poder de colocar na balança tudo o que vemos e ouvimos. Não nos contentarmos com o fato que querem nos impor que o seja. Algum detalhe que escapa ou que fazem escapar, ao olhar com naturalidade ou aceitação “daquilo que não se pode mudar”, pode ser o ponto crucial para a busca da verdade. Contra fatos, sempre há argumentos. E quando argumentamos, não nos conformamos apenas com o acontecimento, mas buscamos a origem de sua causa. O fato é apenas um desdobramento materializado do que começou de maneira desconhecida.
Nunca deixe de perguntar, quando ouvir alguma afirmação: “Quem te falou isso? Quem te disse isso? Como é que você sabe?”
Indício não é prova; prova não é fato; fato não é o que se vê, mas o que se fez. E a dúvida, sempre haverá, pois ela é imaterial e inatingível. E dúvida não é condenação, é apenas julgamento. 


terça-feira, 12 de agosto de 2014

"O FUTURO QUE HOJE SE FAZ"

Como prever o que vem por aí?
É preocupante o episódio recente de invasão dos perfis de Jornalistas comentaristas, como Mirian Leitão e Ronaldo Sardemberg e de políticos de oposição ao governo, entre eles o tucano José Serra no site Wikipédia. O mais preocupante ainda é a notícia de que a invasão ocorreu através de computadores do palácio do planalto. E, como sempre, para o governo isso é surpresa. É a tática do "não é admissível" e do "vamos apurar", quando o fato vaza, como se não houvesse um comando no âmbito político; "pode ser qualquer um lá de dentro", defende-se o governo passando uma imagem irresponsável, que não deveria ser o que esperar de um chefe da Nação. Desde os tempos do Lula na presidência notava-se sua repulsa à mídia sempre que algo escandaloso vinha ao conhecimento público através dos noticiários ou reportagens em revistas. Sempre fingiu que não era com ele. Recentemente em Portugal negou até que “conhecia” José Dirceu: “Não é gente de minha confiança” – disse o ex-presidente sobre o homem que foi o principal articulador de sua campanha à presidência da república e Ministro Chefe da casa Civil em seu governo.  Quando o cerco se fecha, é sempre assim: “Não sei; não foi comigo”; massacram outros para defender sua pele; é como a brincadeira de garoto que tocava a campainha de uma casa e saía correndo: “Não fui eu; nem eu, o que apertou foi para aquele lado lá”. O que fazer diante disso? Sem verdade não há liberdade, não há andamento; desenvolvimento, porque o tempo é usado para acusações e defesa.  O que é preocupante não é o fato de estarmos em ano eleitoral e que qualquer ação de um lado ou outro possa representar "intrigas" e jogo político pelo poder. O que preocupa é o perfil do governo, a maneira como tem agido e reagido diante desses episódios que aparentam ser sombra futura de suas ações se continuarem no poder. Há um projeto que aos poucos se faz notar no campo das manipulações da consciência coletiva no que tange à educação, à família que são a base de uma sociedade consistente. Os valores são invertidos; o governo passa a ser o patrocinador dos pobres, e a ascenção social não vem por méritos pessoais do trabalho e oportunidades assumidas por capacidade e mérito. O governo faz questão de se autoaplaudir pela "construção" de uma nova classe média, patrocinada demasiadamente pelo dinheiro público, deixando de operar nas áreas de desenvolvimento da Nação e suas estruturas.

O plano do governo Lula era colocar a população contra os meios de comunicação, desacreditando-os, a ponto de defender o controle social da mídia, como prevê o Fórum de São Paulo, que recentemente aprovou o controle da internet sob o argumento de garantir mais segurança para os usuários. É a utilização de bons argumentos, necessários, tendo como base uma necessidade real, porém, com finalidades escusas. De fato, “Controle Social” é apenas um nome dado para parecer que o povo é que vai “gerenciar” de acordo com o que acha correto e o que deveria ser. Isso é apenas sombra do que pode vir pela frente por um governo que tem um projeto de poder para mudar as estruturas do país a seu modo, para obter o controle de tudo. Esse regime de governo é de inteligência tamanha para manipular as massas desprovidas de entendimento, a começar por sua política assistencialista e outros benefícios que oferece à população mais carente a grande maioria dos brasileiros, pois  carentes são,  exatamente por falta de investimentos do governo em infraestrutura e criação de empregos sólidos, não aleatórios quando se fala em “canteiro de obras.”  A mídia oficial do governo, “chapa branca” mostra na televisão e em seus noticiários apenas o que é de seu interesse, fazendo papel de assessoria de imprensa junto ao povo; não há informação segura sem o conhecimento mais ampliado. É um povo iludido pelo deslumbramento de coisas e consumo, que não pensa no país, nem no futuro, mas em si mesmo. Um povo que está aprendendo a ter comportamento perdulário.  É o reflexo do governo que assim o faz.
Um grande País, é de oportunidades não de oportunismo.

Por outro lado as campanhas do governo entram  em suas peças publicitárias de instituições públicas, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil; Petrobras, que geram milhões e milhões em recursos para a mídia escolhida pelo governo como um benefício à essas emissoras que faturam com a veiculação de publicidade. Não é novidade dizer que jornalistas “polêmicos” são ordenados a se afastarem da emissora em que trabalha sob a penalidade de perder a publicidade oficial. É um mecanismo antidemocrático tornar uma emissora refém desse comportamento que o governo impõe de maneira camuflada ao público; mantendo o sorriso e a política da boa vizinhança. O que se falou no editorial passado, esqueça, ”foi um equívoco  do articulista”. Mas ainda há os que não se vendem. E são poucos. Vivemos um país ainda atrasado porque os meios de comunicação são concedidos pelo governo e de algum modo ele tem o controle e, “por baixo dos panos”, existem acordos, não para falar bem do governo, mas algo que não o comprometa. É questão de política e poder; interesses na balança. "Pode jogar pedra, mas jogue as pequenas"; "critique, mas coloque dúvidas, fique em cima do muro nas conclusões." "Pode morder, mas assopre". É assim mesmo. Estamos diante disso. Não se responsabiliza a ninguém; culpa-se a um sistema, que aliás, é criado ou mantido pelos que exercem o poder. 

Todo ditador não gosta de ser questionado, até porque acha-se acima do bem e do mal; não reconhece seus erros, e procuram de modo oficial, com instrumentos do Estado, desacreditar seus críticos, muitas vezes em busca de explicações à Nação sobre sua administração; as falhas; a corrupção. Ditadores perseguem; acusam; defendem-se atacando primeiro. Perguntas  fora  de suas expectativas é uma cutucada que ascende a fúria e o alardeio nos palanques e reuniões públicas, vociferando contra os que querem abrir os olhos da população menos esclarecida. O Brasil é um prato cheio para a implantação de um regime autoritário, onde o povo, o verdadeiro povo não se manifesta, pois não tem conhecimento de causa e  participação política a não ser pelo voto e nada mais. Ou você acha que é mesmo o povo que está nas ruas para protestar? Ou você acha mesmo que foi o povo que pintou a cara para sair às ruas e pedir o Impeachment de Fernando Collor que é “fichinha” diante de todos os outros escândalos revelados nos últimos anos?
Liberdade é direito natural

O regime totalitário sempre utilizou o povo como escudo. E isso tem se repetido quando o governo responde pelo povo, fala em nome do povo o que na verdade o povo não diz. Mas para abrigar-se e justificar suas ações, o nome do povo é exaltado de maneira falsa. A verdade não é o que a mídia oficial, o discurso oficial, o marketing oficial diz. A situação está se tornando tão crítica que é possível que ocorra como o afundamento do Titanic. Os músicos não puderam parar de tocar enquanto o desastre aconteceu; continuaram tocando a bandinha enquanto cada um procurava uma maneira de escapar. É como aquele vilão do filme que para passar em meio à multidão diz para sua vitima sair sorrindo, abraçado, como se nada tivesse acontecendo. Enquanto por um lado pessoas ligadas ao governo são acusadas e condenadas, o governo insiste em dizer que tudo é intriga da oposição; aponta os governos passados; seus presos vão para a cadeia desacreditando a justiça, colocando-se como vítimas de calúnias e difamações. Isso é traço de caráter digno de psicopatas;  sociopatas  e  outros “patas” mais; atitudes manipuladoras; gestos que trazem dúvida. Pois um país em dúvida não cresce, não deslancha; um governo que vive na defensiva e em ataques camuflados não trabalha além disso. É a luta invisível pela manutenção no poder e para isso são capazes de atacar de todos os meios possíveis; colocando gente que reza por sua cartilha em todos os âmbitos do poder; nas empresas estatais; nas instituições, aumentando seu lastro, arraigando-se de assalto toda uma nação, comprometendo seu futuro pela vaidade de uns tantos que usurpam o poder para sua própria sustentação. 


O povo continua na fila do peixe. Não, não é para pescar. Observe o número de pessoas que entram para o programa assistencial do governo e o número das que saem. Saem? Sim. Tem gente que sai. Mas há muito mais entrando, não no mar, não em busca de isca ou anzol; entrando na fila do peixe. Em regimes totalitários, o governo se estabelece numa figura. É governo personalista em que o povo idolatra. É isso que querem fazer num país que ainda não aprendeu a pescar. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

DIZIMISTA DECADENTE

Prosperidade é resultado de propósito de vida 
O pai estava estacionando o carro próximo ao parquímetro quando apalpou o bolso e percebeu que não havia nenhuma moeda. Pediu então ao filho, que estava no banco de trás, algumas moedas que o havia dado algum tempo antes ainda na viagem. O filho, relutante, disse: “Essas moedas é para o meu cofrinho né? vai ficar faltando.” O pai, olhando para trás, disse ao menino: “O mesmo pai que lhe deu essas moedas não poderá lhe dar outras?” A partir desse argumento o filho devolveu as moedas ao pai. Não foi por uma ação imediata ao pedido do pai. O menino precisou compreender que as moedas que ele tinha foi o pai que deu, e o mesmo pai poderia dá-lo novamente.

Talvez a imaturidade do menino por sua falta de percepção, exigiu a sabedoria do pai para conseguir suas moedas. O pai respeitou o filho, pois,  poderia sentir-se no direito de tomar das mãos do menino as moedas, sem ao menos dar a explicação aquele que não agiu de modo imediato e espontâneo.

Se observarmos que Deus, o Criador do Universo é o dono de tudo, como a Bíblia diz: “O dono do ouro e da prata” – por outro lado poderíamos questionar que se tudo é dEle, para quê teríamos que devolvê-lo algo?

É nesse ponto que observamos tipos de comportamento diferentes em relação a esse tema que aguça incessantes discussões. Alguns se comportam como aquele menino, que talvez não tivesse entendido antes, de que o dinheiro que recebeu era do pai, e o mesmo pai poderia dá-lo outra vez. Por um lado, esse menino poderia ter dado as moedinhas ao pai, só por causa do argumento de que o pai o daria novamente.

O argumento usado pelas igrejas de um modo geral -  algumas de maneira mais intimista, outras de maneira mais inteligente e produzida, contudo mantendo o mesmo propósito – é o que o diabo usou na tentação de Jesus: “Tudo isso te darei, se prostrado me adorares.” Hoje, faz-se uma mistura de adoração, ao avaliar que doar dízimos e ofertas é uma maneira de “Adorar a Deus”, e que se assim o fizermos, teremos tudo de suas mãos. Esse argumento tem formado cristãos mais desejosos dos poderes da terra, da prosperidade terrena e do sucesso financeiro, que os tornam mais presos as coisas do mundo.
Na tentação, o diabo "ofereceu" poderes
em troca de adoração. 


Não é raro dentro de muitas agremiações religiosas o tratamento diferente dado aos que são mais abastados, daqueles que tem poucos recursos financeiros.

Muitos tornam-se dizimistas decadentes. Decadentes pelo fato de não reconhecerem ou entenderem que tudo a Deus pertence e que devolver a Ele é uma mostra desse entendimento sem a necessidade de discursos apelativos e por vezes errôneos em relação ao que ocorre a quem devolve a parte que a Bíblia orienta pertencer a Deus. Deus não é dono de parte. É dono de tudo. A parte que damos a Ele, vem de suas mãos. Por desconhecermos a Deus é que pedimos a Ele a herança para ganharmos a vida; por desconhecermos a Ele é que agimos como o filho da casa, que reclamou não ter nenhum cabrito de presente para festejar com seus amigos na parábola do filho pródigo: “Filho, tudo o que é meu é seu” – e certamente esse filho desconhecia o amor e a bondade do pai.

O diabo insinuou que Jó era fiel a Deus porque Deus dera tudo a ele. Uma coisa é doarmos algo sob a crença de que receberemos em dobro depois. Outra coisa é devolver o dízimo sob o argumento de que assim fazendo, teremos crédito com Deus. Esse é o tipo de oferta egoísta. Como o menino que deu as moedinhas para o pai, sabendo que o pai poderia devolvê-las novamente. 

O cristianismo aborda o tema do dízimo, muitas vezes apelando para as emoções e a provocação de sensações momentâneas nos indivíduos, até pela exposição de testemunhos de pessoas que só foram abençoadas e começaram a prosperar quando começaram a dar o dízimo. Seremos dizimistas decadentes ao agirmos com esse propósito. Desejamos que Deus abençoe e faça prosperar nossos negócios e felizes ficamos quando a praga destrói a lavoura do vizinho e para na divisão de nossa cerca. 
O ato de dizimar não significa imunidade contra o mal do mundo. 
Certa vez ouvi de um irmão: “Esses argumentos sobre o dízimo não me entram na cabeça.” 

Ele fazia referência a divulgação no rádio e na televisão de gente que contava testemunho de como era sua vida antes e depois de serem dizimistas. “Eu sempre devolvi o dízimo, e nunca me ocorreu nada disso que dizem por aí. Eu sou pobre financeiramente, nunca fiquei rico ou prosperei por causa do dízimo – avaliou."Ou Deus é mais Deus para eles do que para mim, fazendo acepção de pessoas, ou esse ensinamento está errado."

Certamente, as  pessoas  tem sonhos e projetos de vida e há muitos que prosperam financeiramente até mesmo sem serem dizimistas ou ofertantes em alguma igreja; por outro lado, há dizimistas que antes eram prósperos empresários que ajudavam as igrejas, construindo templos, que após golpe financeiro perderam tudo. Conheci um caso assim, e há muitos outros. Ou seja: “O gafanhoto comeu sua plantação” – mesmo sendo fiel dizimista.

Não precisa ir muito longe. Há livros de autoajuda e até palestrantes que ensinam como uma pessoa deve fazer para prosperar, revelando o segredo da lei do retorno. Em primeiro lugar está o estabelecimento de prioridades e uso dos meios corretos para chegar ao objetivo. Se você prestar atenção, é o mesmo princípio adotado por igrejas, ensinando como as pessoas devem fazer para prosperar. Nesse caso é preciso que estejam dispostas a pagar o preço, dar o passo da fé, que está sempre ligado a alguma oferta ou doação em dinheiro para Deus. Esse seria o segredo para Deus "abrir as portas para o sucesso financeiro."   


Onde está o erro? O erro está no entendimento; o erro está no ensinamento. Deus não move seus braços a favor de uns e a  outros contra, movido pelos recursos em dinheiro que alguns são capazes de ofertar a Ele, porque a justiça e a bondade de Deus se manifesta a todos. “Ele faz cair a chuva sobre os bons e sobre os maus” – A diferença é que os bons reconhecem que tudo vem de Deus, e oferecer à sua obra nossa ínfima oferta é uma demonstração de que o reconhecemos como o Senhor de nossa vida. E isso não nos torna imunizados das pragas; nem das doenças; nem da falência financeira. Se o fizermos com esse propósito, nossa oferta é vã, pois as bênçãos de Deus não são uma troca. É uma dádiva. Mas os planos de Deus ninguém é capaz de entender. O que importa é sermos servos obedientes aos seus ensinos. Devolver os dízimos à igreja é um reconhecimento de que a instituição que Deus deixou na terra precisa cumprir sua missão e muitos recursos são empregados para esse fim. Se assim entendermos, esse assunto deixa de ser uma discussão polêmica e controversa. O dizimista decadente é aquele que compara sua vida com a vida do outro, e orgulha-se por sua prosperidade em detrimento do empobrecimento do outro, como se fosse uma "vingança" de Deus contra seus ladrões.