sexta-feira, 11 de abril de 2014

POVO ALIENADO NÃO VOTA CONSCIENTE



Certa vez fizeram um teste com uma criança:

_Eu tenho aqui na minha mão, 10 reais. Você pode ganhar agora. Mas se você aceitar uma atividade que vou fazer com você, poderá ganhar 100 reais. Mas tem que acertar as perguntas que vou lhe fazer.

O que a criança escolheu?

Agimos muitas vezes por emoção, quando precisamos usar a razão. Somos imediatistas, quando poderíamos esperar um pouco mais, observar, comparar. Julgar. Escolher.

É assim que se faz com depoimentos de pessoas. Quanto mais emotivo for o depoimento, melhor. Ainda mais quando lágrimas descem pelo rosto.
Uma lágrima bem explorada, faz milagres!

Um bom texto, boa imagem, depoimentos dirigidos, pode mudar a visão e o conceito sobre alguém. Pode fazer um terrorista parecer vítima e a vítima, terrorista. 

Há muitas técnicas de manipulação para fazer as pessoas reagirem da maneira como o manipulador pretende: certa vez um pai perguntou ao filho se ele queria um bombom ou uma caixa. O filho respondeu que queria uma caixa e recebeu. Uma caixa vazia! O pai queria passar-lhe uma lição, mas de maneira prática, usando a técnica da manipulação, pois conhecia a tendência do filho e  mostrá-lo um outro lado que precisava conhecer. O menino respondeu apressadamente, sem pensar. Mas convenhamos: será que o menino pensaria que o pai fosse capaz de dar a ele uma caixa de bombom vazia? A confiança furtou-lhe a reflexão. Agiu por impulso, pensando em si mesmo, diante do pai de quem não esperaria uma frustrante surpresa. Mas o menino aprendeu a pensar, a refletir, ao entender que uma oferta "tentadora" pode vir de uma pessoa de confiança.


O mercado do Marketing político cresce cada vez mais. Quem tem recursos para investir, consegue fazer uma excelente campanha para mexer com as emoções do povo, casando imagens, expressões e frases de efeito. Imagens de gente trabalhando; máquinas em funcionamento; rodovias; crianças felizes; hospitais de ótimas instalações, diferente do que se vê no dia a dia. As propagandas eleitorais não mostram a cara do povo de verdade, as cenas reais. Para prejudicar um candidato, os jornais publicam fotos com expressões raivosas de quem perdeu a razão, enquanto que de outros publicam imagens de trabalho, assinando papéis sorriso, cumprimentos.
Candidatos são "produtos" de marketing. O eleitor consome a melhor imagem, a melhor campanha, não a melhor proposta, porque não tem discernimento do  que seria melhor proposta, já que o que importa é comida na mesa – considerando o analfabetismo funcional em nosso país e a exploração da miséria da população. A massificação de peças com a utilização de empresas estatais como a Petrobras e bancos públicos como o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - com a assinatura do Governo -, algumas falando de futuro, de sonho, de realização de projetos, etc, acabam se tornando elementos de manipulação, dando maior vantagem ao governo que está no poder.
Penso que deveria haver mudança no projeto de campanha eleitoral e a neutralidade política de empresas estatais divulgadas na mídia; a utilização de atores e famosos em peças eleitorais, pois geram muita influência para a escolha do eleitor.
O voto só será consciente com a verdade. Onde há manipulação de um povo alienado e subjugado em seus direitos, não há voto consciente.

O candidato deveria aparecer falando de suas propostas, sem ensaio, sem teleprompter de textos preparados por articuladores de campanha, minuciosamente elaborado. O Marketing político vende um produto, não uma proposta. Proposta não vende. Verdade não vende. As pessoas acostumaram com o que agrada aos olhos e as emoções.

Você já viu um candidato falar de suas propostas sem nenhum recurso técnico de imagens e textos? Todos assim teriam igualdade. A democracia tão exaltada começaria nas campanhas eleitorais, com tempo igual para todos e com os mesmos recursos. Não seria necessário financiamento de campanha, pois a utilização dos meios de comunicação em horário obrigatório estaria com espaço a disposição de todos.Um país que prega contra as diferenças e discriminação, poderia começar dando o exemplo em sua campanha. Pelo contrário, ainda existe a opressão dos grandes contra os pequenos; espaço na mídia não contempla de igual modo a todos os representantes. Como querem falar de democracia, se não há democratização nem nas campanhas eleitorais? 

O povo continua sendo massa de manobra, alienado por poderes que dominam a mente. São orientados por psicólogos, especialistas em comportamento e cognição. Fazem testes, observações, analisam. Tudo para alcançarem o objetivo a que se propõe. Imagens, sons e cores.  Conseguem pintar um quadro ideal, que parece satisfazer como se o ideal fosse a realidade. Fazer sonhar ainda é uma maneira fascinante de "prender" pessoas a promessas que não se cumprem. Tocar nos pontos frágeis de alguém, é estratégia tendenciosa de alcançá-lo. Infelizmente, essas técnicas são canalizadas de maneira sórdida, maliciosa, para favorecer as minorias que ainda querem ter o controle do poder sobre os demais.

Enquanto houver alienação dos fortes sobre os fracos; dos poderes dominantes sobre os dominados, jamais viveremos uma democracia. Jamais haverá quem vote consciente. Enquanto nos permitirmos comer o que querem nos dar; pensar o que querem que pensemos; fazer o que querem que façamos, continuaremos sendo escravos com liberdade vigiada.
 

sábado, 5 de abril de 2014

A “VIDA PASSADA” NÃO PASSA



Ainda como Papa, Bento XVI certa vez fez uma declaração polêmica de que “um segundo casamento não seria bom.”

É cada vez mais recorrente casamentos que acontecem de maneira precipitada, sem o conhecimento e o namoro necessários para que haja um mínimo de segurança para dizer sim.  Muitas vezes, esse "sim" nem é dito para evitar formalidades ou um compromisso sério e assumido conscientemente. A ideia é ir "ficando" até ver como fica. Uma relação mal resolvida que vai criando raízes inseguras, trazendo várias consequências emocionais e afetivas com o passar do tempo.



Todos nós pertencemos a uma família, e cada família tem seu histórico, a maneira como educa seus filhos, os valores que defendem. Esses filhos crescem. Amanhã, casam-se e  tornam-se pais e mães também. Cada pessoa constrói sua família com base nos valores aprendidos; nos exemplos observados; costumes adotados, entre outras coisas. Um lar para ser um bom lugar para viver, precisa ser harmonioso, principalmente em questões emocionais. Há moças, por exemplo, sem uma referência paterna pela separação, que procuram alguém que passe uma imagem madura e de confiança. É natural que pessoas mais maduras na vida já tenham tido experiências conjugais ou de algum outro relacionamento. Uma relação que procura “emendas” ou regeneração com outra pessoa, pode não trazer a harmonia e a tranquilidade que uma vida conjugal exige pois cada um traz consigo as cargas emocionais ou traumáticas de relacionamentos passados. Esses traumas muitas vezes perduram por toda a vida. Mesmo um divórcio torna-se uma marca na história de um casal, principalmente quando dessa relação nasceram-lhes filhos. 

Os grandes dramas na sociedade podem ser atribuídos ao comportamento familiar e isso tem trazido desajustes consideráveis na sociedade. É na família que aprendemos o respeito ao próximo, o amor, os limites. Se essa família é ruída, é natural que tenhamos uma sociedade ruída. 

Hoje, ao contrário a família está sofrendo efeitos das mudanças de comportamento social e parece que casamento não é levado tão a sério como deveria. “Se não der certo separo.” Só que esta é uma marca que o tempo não apaga. É comum observarmos crianças de pais separados com dificuldade de relacionamento e aprendizagem; apáticas; algumas com traços de revolta e  vários transtornos emocionais, frutos de relacionamentos fracassados sem sequer haver um trabalho conjunto para que cada cônjuge assuma suas responsabilidades. A ideia “o que me incomoda eu descarto” não pode ser levada para todos os setores da vida.  A parte mais afetada é a mulher, que além de assumir os filhos - que  normalmente chegam logo nos primeiros anos de casamento, momento em que vários outros assuntos e questões precisam ser colocadas em ordem - precisa assumir outras responsabilidades que antes eram divididas com o marido. A sociedade ainda com o caráter machista apregoa que para o homem é mais fácil.

Para recomeçar a vida conjugal em outro relacionamento é muito mais difícil.



Uma jovem, casada por  5 anos, com dois filhos pequenos foi traída pelo jovem marido disse:

“Dificilmente uma mulher como eu, que já foi casada  conseguirá um outro relacionamento com alguém que não tenha tido também experiência ruim no casamento; primeiro por causa dos filhos; depois por causa dos filhos do outro, de um outro casamento.”

As interferências dos filhos pela não aceitação de um novo relacionamento da mãe ou do pai, sempre causa desconforto e as vezes conflitos; do mesmo modo, a não aceitação do filho de outro casamento é motivo de muito sofrimento, que pode comprometer a nova relação. 
 

A jovem prosseguiu dizendo: “Eu era da Igreja, e isso me trouxe problemas maiores, porque não estava somente entre minha família; há uma história; há pessoas envolvidas; o trauma é muito grande.” Ela afirmou que o homem com quem fosse se relacionar um dia, "primeiro teria que gostar de seus filhos".

Por outro lado, mulheres sem filhos que se relacionam com homens que já foram casados e com filhos, são candidatas a uma relação conturbada por interferências externas do passado. Por que motivo acabou o relacionamento? As duas versões nem sempre são ouvidas. Cada parte apresenta suas razões na hora de buscar um novo casamento. Em quem acreditar?

Os medos surgem dos dois lados. Muitos correm o risco na tentativa de refazer a vida. A melhor saída ainda é buscar, com todas as forças salvar o casamento do que tentar a “felicidade” em outros relacionamentos. Quem não assumiu responsabilidades em relações passadas, principalmente quando deixou esposa e filhos para trás, não será difícil que faça o mesmo em futuras relações.  Pode-se perceber, em muitos casos, a intransigência e a dificuldade de administrar "conflitos" talvez por imaturidade ou egoísmo.

Há muitos entrando em casamento com muitas expectativas sobre o outro, e esse já é um sinal amarelo. 

Perceba a direção para onde sua relação está  caminhando. É sempre tempo de parar, observar, avaliar. Tomar decisões. Decisões para consertar, reparar. Se existem falhas que são difíceis de serem resolvidas num relacionamento que você está ajudando a construir, mais difícil ainda será em outro, como muitos o procuram com a ideia de que será diferente. A mudança precisa começar em você. As dificuldades em relacionar-se são individuais e não mudam por causa do outro. Naturalmente, pessoas não mudam por causa de pessoas. Mudam por causa delas mesmas, pela maturidade, pela experiência de vida. Nunca é tarde. A felicidade é sua. Não abra mão dela.Uma nova relação nunca começa do zero. É sempre bom quando se tem a escolha de começar uma relação do zero, com quem começa do zero. São como folhas de papel em branco nas quais serão escrita sua história. Tentar retomar a "felicidade conjugal" com quem já foi marcado por traumas de uma relação infeliz, já recomeça com grande possibilidade de novos fracassos. E o ciclo se repete. Porque as sombras do passado sempre estarão no caminho. A vida passada não passa. Administrar respingos do passado em novas relações, é viver com mente dividida e perturbada. A harmonia emocional é um dos pontos importantes para a paz no relacionamento. Um casamento é construído, no passo a passo, aos poucos, como a construção de uma casa, com bases sólidas. É desafio incerto construir sobre bases desconhecidas.

terça-feira, 1 de abril de 2014

REVOLUCIONÁRIO É DITADOR ÀS AVESSAS



A “ditadura” está dos dois lados. É quando se revezam que podemos conhecer melhor a face de cada ditador. 

Não importa de que lado esteja.  É do ser humano o ímpeto de  buscar justiça por diversos meios. Até a criança, ainda incontaminada pelas percepções dos adultos, luta por aquilo que entende ser seu. Buscamos e tentamos provar nossas razões e levamos para o coletivo, argumentando nossas propostas e criando nossas bases de apoio por interesses comuns. 

Quando não há acesso ao diálogo com os que estão do lado de fora, outras maneiras de agir são adotadas. É assim que nasce o terrorismo, as lutas armadas, pois o poder que domina, valendo-se de sua legitimidade “tem sempre  razão” e se utiliza de todos os seus instrumentos para proteger-se e fazer valer sua soberania. Assim o diálogo não tem vez.

Os que lutaram por liberdades viam-se cerceados em seus direitos, enquanto os que eram acusados de cercear o povo da liberdade  apresentavam suas razões e as defendiam do alto de suas cadeiras. Há intransigência dos dois lados. Ninguém arreda o pé. São razões consideradas "inegociáveis." Dois lados opostos lutando e defendendo-se. Dois lados apresentando suas razões e a legitimidade do ataque ou do contra-ataque.

Quando  o "poder' não admite seus erros e faz valer sua vontade em detrimento da necessidade de quem representa, tem característica de um poder ditador. Por outro lado, os que lutam contra esse poder, tem característica de ditador às “avessas” por estar do outro lado arregimentando suas forças. Eles também querem o poder, valendo-se de instrumentos e argumentos legítimos que sustentem sua luta.


O que há, de fato, é ação e reação. Os que atacam, são contra atacados. E quem está com a razão?

Lembra  daquela  briga de garotos:

-Professora, o Tonico me bateu...roubou meu saco de pipoca...


-Quem começou a briga?
-Mas eu estava com fome, professora. 

Quando o outro lado da face é oferecido no âmbito dos poderes, não há justiça. Há domínio. E a reação contra esse domínio tem contra-ataques. O que esperar?

Os de esquerda dizem que o "diabo" é  de  direita; os de direita dizem que o "diabo" é de esquerda. Os nem de esquerda, nem de direita, dizem que o "diabo" é de centro. Enquanto discutem e disputam o poder  sob  acusações trocadas, o verdadeiro diabo continua à solta. É a mediocridade da luta pelo poder humano pobre e manipulável que cega a razão.

Não dá para defender que um sistema é justo, se o privilégio de alguns, representa o sacrifício de outros. Mas a quem cobrar, onde o "jogo de empurra" prevalece e nenhum lado quer assumir suas responsabilidades? Quem é o responsável pela construção de um sistema que funciona assim de maneira orquestrada e organizada com peças que se encaixam perfeitamente aos interesses aparentemente ocultos.  Contra quem vamos lutar? Quem é o inimigo oculto por trás das necessidades básicas de um povo; quem é o inimigo oculto por trás da fome e da miséria? Teremos que destruir nossa casa? Nossos vizinhos? Pensamos ser o rico que trabalhou duramente para realizar-se na vida o culpado pela desordem e a desgraça alheia? Não existe lei que obrigue sermos generosos e humanos em nossas ações. Não existe lei que obrigue a dividir o pão, a ser solidário com o próximo. Aliás, não vemos ninguém fazer campanhas de luta pela generosidade, pelo amor ao próximo, pela divisão de bens. Por que se assim o fosse, o amor, a generosidade com o próximo, perderia seu real sentido. Seria administrado por forças externas da imposição. O que ainda se faz é a busca pela identificação de um inimigo que tem cara. E se damos a cara pra apanhar, também queremos uma cara pra bater. É esse o senso de justiça que aprendemos. Tirar do rico para dar ao pobre entende-se por "justiça social", ao contrário de ofertar ao menos favorecido o que realmente o pertence. Por outro lado, o pobre que aceita ser receptador do que pertenceu ao rico como sendo a ele uma oferta justa de um governo, estaria ele (o pobre) sendo justo? Criam-se as lutas de classes, exatamente porque não aprenderam a identificar o real inimigo. O derramamento de sangue dos que martirizaram e dos que se tornaram mártires, não valeu o preço pago. Por que as causas são imateriais.


Os instrumentos da democracia são físicos e de ações paliativas. É uma justiça manca e cega. Não pode julgar o que está além de seu alcance. Mas quem poderá julgar os desejos do coração? Quem poderá julgar o aspecto imaterial que move nossas intenções? Mesmo com razão de lutar por uma causa justa, seria justa a luta? As motivações e intenções são irrefutáveis sob o ponto de vista humano?

Como podemos defender como justa as ações de um governo contra manifestantes da ditadura, tirando-lhes a vida? Como podemos defender como justa ações de manifestantes contra o governo, do mesmo modo ferindo, roubando, matando, mesmo sob o argumento da sobrevivência?

Quando lutamos apaixonadamente por justiça, esquecemos que existe dois olhares, dois pontos distintos; duas causas; dois poderes: um poder legitimado pelo povo para representar o povo; outro, legitimado pelo clamor dos que se sentem injustiçados por aqueles a quem legitimaram no poder para representá-los; em algum momento não veem outra saída a não ser pela instalação da guerra, da luta armada... do vandalismo. Um governo sempre se levantará armado contra a sociedade, se essa sociedade se manifestar e agir contra o governo. Isso não é característica apenas de governos de esquerda ou de direita, porque com a posse do poder, o poder passa a ser de quem governa e o  aparelhamento do Estado será usado em sua defesa, sempre que sentir seu poder ameaçado. 

Ao mesmo tempo em que defendemos que alguma coisa precisa mudar manifestando nossas razões, não concordamos com o vandalismo por entendermos que são marginais infiltrados no meio de pessoas de bem. Mas na luta contra a ditadura também houve vandalismo e em escala muito mais perigosa com ameaça e deflagração de bombas; assassinatos; assaltos. Hoje os que alcançaram o poder, muitos deles, dos tempos da ditadura, do mesmo modo, por instrumentos legais, tentam impedir o mesmo. Quem não pode ver pela televisão jovens sendo presos acusados de depredação? Outros, acusados por mortes e instalação do terror?

Os dois lados continuam. Eles se revezam, mas os fatos se repetem. Seja no regime democrático, seja no totalitário, a razão sempre está com o poder. E ele sempre defenderá sua soberania. A “ditadura” está dos dois lados. Houve até quem disse que "democracia é a ditadura da maioria."É quando se revezam que podemos conhecer melhor a face de cada ditador e suas prioridades. Não há revolucionários no poder. Os revolucionários no poder, trocam de lado.