sábado, 15 de novembro de 2014

LÍNGUA FERINA

“A boca fala do que o coração está cheio”.  Esta afirmativa bíblica pode nos levar a refletir se somos, de fato, verdadeiros em nosso discurso. Se falamos da maneira como procedemos. A frase “Faça o que eles falam, mas não faça o que eles fazem”, aponta que nem sempre a boca expressa realmente o que se sente no coração, nem sempre expressa as verdadeiras intenções seja de que lado for. Podemos usar boas palavras e um bom discurso, mas de maneira tendenciosa com o objetivo de que nossa mensagem seja aceita por sua beleza e poder de persuasão.
Há muitos que dizem o que não querem dizer, assim como muitos dizem exatamente o que querem que os outros saibam. Há muitos que são levados a refrear seus ímpetos e camuflar suas reais características para atenderem apenas a um comando, dentro de um contexto social. No fundo, o sentimento de desajuste como algo mal resolvido e uma espécie de conflito silencioso, acaba tornando a relação pesada e desconfortável, na tentativa de provar aos outros a todo tempo, que ele é o que requisitam de si, não o que é de fato.
Mas no aspecto cultural da educação, aprendemos que devemos ser maleáveis; falar a verdade com jeitinho, cuidar com o tom da voz, as expressões corporais entre outros aspectos que fazem parte do conjunto da comunicação interpessoal. Se considerarmos esses conselhos - não como fruto de um sentimento primário de amor ao próximo, mas como uma mera presunção por obter resultados pelo convencimento de que tivemos sucesso em nossas investidas -  naturalmente que em nós mesmos, diante do espelho da alma, estaremos em débito com a verdade.
A linguagem da comunicação é importante, mas o mais importante é acreditar no que estamos transmitindo, não apenas por ser conveniente sob o ponto de vista das boas relações, mas de que maneira nos relacionamos, por dentro, com aquilo que transmitimos.
Há um desafio muito intenso para que as pessoas sejam aceitas como são. As questões culturais e familiares exercem influência direta sobre a forma como seus membros se relacionam fora do ambiente costumeiro. Nem sempre devemos esperar que os outros nos comuniquem da maneira como esperamos, sob o ponto de vista do cuidado com as palavras; dos tons grosseiros ou de mal gosto. Neste caso, a reação é naturalmente de repulsa no aspecto convencional. Muitos se sentem magoados e atingidos por essas “agressões” verbais. Mas além de desenvolvermos a comunicação respeitosa com o próximo, precisamos criar em nós certa imunidade para que palavras “agressivas” não nos agridam. Isso não significa desconsiderar o que é dito, mas tentar entender por que foi dito e de que fonte veio. É importante entender que nem sempre recebemos de volta o mesmo tratamento que oferecemos. Aquele que consegue se entender, sem discriminar os demais por sua maneira diferente de agir, antes, desenvolvendo espírito de compreensão, possibilita a si mesmo acessar o indivíduo com dificuldade de relacionar-se e estabelecer uma comunicação menos traumática.


Se por um lado “a boca fala do que o coração está cheio” – pode nem sempre ser a verdade do que dizemos e sentimos. Há outro aprendizado que devemos obter. O coração pode ser mudado com o entendimento sobre a maneira distorcida como aprendemos a nos comunicar com base em nossas raízes e cujo comportamento se manifesta em nossas atitudes. O sentimento harmonizado entre o que pensamos, falamos e agimos, torna a nossa linguagem pura tal como somos de fato. Julgar  menos, informar-se mais; demonstrar interesse pelo outro e entender os pontos de suas limitações pode ser o começo para conhecer e fazer-se conhecido. Os mal entendidos ocorrem, em muitos casos, pela mensagem transmitida sem clareza, ou entendida segundo os julgamentos que fazemos, segundo o que interpretamos, de acordo com os nossos conceitos ou preconceitos. O importante é buscar o entendimento, perguntando no sentido de elucidar o que é necessário, evitando o confronto de maneira agressiva como uma forma de defesa.  

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PERDI MEU TEMPO


O tempo é precioso, ao mesmo tempo em que é implacável. É sempre para  frente e jamais  volta atrás. Dedicar tempo é importante em todos os aspectos da vida para alcançar ou conquistar o que se deseja, pelos métodos requisitados. Mas de que maneira tempos empregado nosso tempo e nossos esforços?
Há riscos a correr, e é preciso que o entendimento de que nem tudo pode ocorrer de acordo com o que esperamos, não faça esmorecer a esperança de concluir os projetos que iniciamos. É quase certa a frustração ao canalizarmos todas as forças e expectativas em nossas suspeitas de que o que fazemos pode dar bons resultados. Mas, inicialmente trabalha-se sob hipóteses, sonhos, suspeitas; não existe nada objetivamente claro que leve a crer que o sucesso ocorrerá. Este, por outro lado, não deverá ser motivo para a descrença e a falta de iniciativa. O importante é levarmos em conta de que maneira dependemos daquilo que estamos almejando e que  importância  damos  aos  esforços que empregamos e o que estamos dispostos a fazer.
Há ocorrências corriqueiras que podem nos levar a pensar negativamente, desde os pequenos sinais; esperar tanto tempo numa fila e na hora de ser atendido acontece algum imprevisto; de sair no horário de sempre de casa e chegar ao trabalho atrasado; esperar por uma entrevista de emprego e não ser chamado. Como por exemplo, recentemente os pais de um menino que sofre de obesidade, com 3 anos de idade e que  já  pesa 70 quilos. O menino não tem a síndrome que os médicos suspeitavam. A equipe médica trabalhou sobre a suspeita e deu negativo. Imagine todo esse tempo de espera dos pais por um resultado que desse a eles a possibilidade de iniciar o tratamento adequado para o filho. Foram meses de espera, torcendo para que a suspeita se concretizasse, diante da incerteza e angústia de não saberem nada sobre a doença que afeta o filho?

E aquele crime em que é preso um suspeito e as  investigações apontam que não é ele o culpado? Certamente o suspeito sabe que não é o culpado, mas essa espera é angustiante. Para a polícia seria tempo perdido? Se foi preso um acusado inocente durante algum tempo, o verdadeiro culpado tem o destino ignorado. E agora? Como proceder novas investigações?
E no caso do menino obeso com diagnóstico que não confirmou as suspeitas dos médicos? O que teria o menino? Qual seria sua doença? Tempo perdido?
O importante é o que se faz no período da espera. O tempo responde por si mesmo. É o que fazemos no tempo que faz a diferença na maneira como recebemos os resultados daquilo que precisamos esperar.
Viver ansioso por suspeitas ou possibilidades parece ser um vício que temos. Sofremos por antecipação e a espera tem essa característica, pois não temos certeza do que virá depois. É preciso desenvolver o espírito que nos possibilite a esperar sem sofrer. Fazer o que precisa ser feito. Estar ciente de que todos os esforços que podemos empregar estão sendo empregados; que o passo a passo que podemos dar, estamos dando. A frustração é dura quando passamos a cobrar de nós mesmos o que poderíamos ter feito e não fizemos; a dedicação que negligenciamos. Acima de tudo, o mais importante ainda é saber que se todos os esforços são empregados; se tudo o que sabemos que podemos fazer está sendo feito e mesmo assim o resultado não corresponde ao esforço, é sinal de que nem tudo depende apenas e tão somente dos nossos esforços.
Depois de fazer tudo, é importante ficar firme. Aceitar e alegrar-se pelo dever cumprido com amor e dedicação. Porque assim, saberá que seu tempo não foi perdido. Isso serve de lição, experiência, amadurecimento espiritual. Para quem está em movimento o tempo não é perdido, ele apenas passa. Não se permita iludir com a imaginação. Aja!
“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.
Reparte com sete, e ainda até com oito; porque não sabes que mal haverá sobre a terra.

Estando as nuvens cheias de chuva, derramam-na sobre a terra. Caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará.
Quem observa o vento, não semeará, e o que atenta para as nuvens não segará. Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua mão; pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão, igualmente boas”.




quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O MUNDO ESTÁ POR UM FIO

Quando você ouve sobre os dramas sociais, o que lhe vem à cabeça? Quando pais e filhos se enfrentam de maneira mortal; crises de relacionamentos cada vez mais intensas; a desordem moral, social e econômica; a desonestidade e corrupção epidêmica em todas as esferas da atuação humana; a falta de trato sincero entre as pessoas; a verdade desprezada; as injustiças fortalecidas de maneira institucionalizada; a luta pelos poderes; os conflitos de classes sociais e raciais; a intolerância? O que você pensa sobre isso? É algo natural? Tem a ver mesmo com o crescimento populacional sem a previsibilidade nos aspectos técnicos da educação, saúde e segurança? Ou pensa que há algo mais profundo em que as tentativas humanas para refrear esses comportamentos e ações não serão capazes de resolver as mazelas do mundo? É bem provável que essas respostas ultrapassem a linha da opinião, dos pontos de vista humanos.  
Ainda no fim dos anos 1970, ouvia-se cantar: “o mundo está por um fio...o mundo está por um fio...lê na Bíblia...lê nos jornais”...
A igreja, com cartazes, alertava com imagens de impacto: o globo terrestre seguro por uma corda puída.
Nas músicas de cantores famosos, ouviam-se alertas. Roberto Carlos em sua música Apocalipse nos anos 80, versava sobre a profecia da Bíblia, como as taças derramadas; a violência, o crime, a aprovação do aborto; os terremotos, como sinais do fim do mundo.
Outras músicas supunham um fim, com letras não tão diretas como a de Roberto Carlos. “A cura” de Lulu Santos; “O trem das 7” de Raul Seixas. Essas letras tratavam de algo que viria, que aconteceria, como se fosse o fim, início de  um  outro tempo, cantadas por artistas que aparentemente não tinham um compromisso direto com a mensagem do fim do mundo, mas é inegável que esse tema não é algo estranho ao pensamento coletivo, mas muitos não param para dar a devida atenção a isso, pois aparentemente pode ser algo assustador.
Porém, as profecias bíblicas sobre o fim servem de alerta para que as pessoas entendam a importância do fim para o começo de um novo céu e de uma nova terra, onde haverá justiça e amor. Isso não se refere à morte das pessoas, nem a entrada  para  um outro tipo de vida numa outra dimensão. Jesus disse literalmente aos seus discípulos: Vou preparar um lugar para vocês e depois vou voltar para buscá-los para ficarem junto comigo.” Os discípulos de Jesus se preocupavam com o fim do mundo já na época em que viviam: “Quando será a sua vinda e o fim do mundo?” – perguntaram a Jesus. Observe que o fim do mundo está ligado à volta de Jesus, pois a pergunta assim foi feita, e assim foi respondida: “Tenham cuidado que ninguém engane vocês. Muitos virão em meu nome dizendo que sou eu e vão enganar muita gente; vocês vão ouvir falar de guerras, rumores de guerras; doenças inexplicáveis; pestes; inundações; pais contra filhos, filhos contra pais... mas isso é apenas um sinal que vai indicar que minha vinda está próxima” (S.Mateus 24).

A sociedade vive em guerras. A discriminação, o desrespeito ao próximo; as lutas armadas. Outros sinais na sociedade apontam para um desassossego da alma. Parece que nada satisfaz; as respostas para tantos questionamentos parecem não ser suficientes. O homem busca em si mesmo meios para se desviar dos problemas, criando mais problemas ainda em busca de sua satisfação carnal e imediata. Na verdade, muitos estão tentando saída para fugir de algo do qual não encontram explicação enquanto estiver vivenciando suas realidades como se não houvesse mais solução, e a aceitação se tornasse uma decisão inteligente para viverem anestesiados da dor da alma. Mas ao encontro da palavra de Deus, tudo se esclarece, porque Deus dá o norte, indica o rumo para aqueles que ainda caminham perdidos.

Deus jamais fará algo sem dar as pessoas a chance de se salvarem. Foi assim nos tempos de Noé. Ele foi chamado por Deus para avisar ao povo de que haveria uma catástrofe, um dilúvio que destruiria a terra. E assim aconteceu depois de 120 anos de pregação. Os que aceitaram a mensagem entraram na arca e foram salvos.
Os profetas de Deus deixaram a mensagem para os últimos dias da terra. Até hoje os mensageiros retransmitem essa mensagem ao mundo. Deus tem interesse em salvar. Essa é sua grande missão e foi por isso que seu filho Jesus esteve entre nós. Ele falou a respeito desse assunto e também ensinou o caminho a seguir.
O que ainda podemos esperar deste mundo? O tempo de esperar Jesus voltar é agora, desviando-nos do mal, vivendo o amor; salvos pela graça de Cristo e manifestando o desejo de estar ao lado dEle praticando o que ensinou.
Não é Deus quem provoca as guerras, nem as tragédias. Tudo isso é causado pelo próprio homem que Deus deseja que se converta e mude de vida e a ele dá a oportunidade. A intervenção de Deus é que dará fim a tudo isso. 


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

SOB O CONTROLE DE DEUS

Se Jesus quisesse teria rogado miríades de anjos para o livrarem das mãos de seus algozes.  Pedro talvez não tivesse entendido isso, e prontamente pôs-se em defesa do Mestre atacando um dos soldados com sua espada.
É preciso entender que, estar sob o controle de Deus, não significa que Ele tenha a pretensão de “manipular” as coisas para que ocorra tudo do jeito que Ele deseja. Foi essa a acusação que o diabo fez quando falava de Jó. “Ele te serve, porque dá a ele tudo o que ele quer; quero ver se fosse diferente” – sugeriu naquele instante.
Submeter-se à vontade de Deus não significa permitir-se à manipulação, assim como o inimigo acusou. Significa confiar nEle a ponto de abrir mão de tudo o que podemos julgar de mais importante, pois de suas mãos o recebemos. Tudo está sob o controle de Deus, exatamente porque Ele é onisciente, onipotente, onipresente, e nada escapa ao seu conhecimento. Porém, o seu lidar com os homens, estabelece uma relação de entendimento sobre seus propósitos e a parte que devemos cumprir por nossas próprias escolhas.
Se as más experiências nos despertam para os erros que cometemos e nos levam a uma busca diferente, essas más experiências funcionam como um "instrumento" para nos apontar a saída, de que precisamos fazer diferente. Mas a liberdade do indivíduo é tão real que muitos acabam criando mecanismos para conviver com seus erros e ninguém poderá impedi-lo. Não se trata de uma "manipulação" do além, mas é fato de que existe uma regência para cada situação. Um princípio a ser observado. 
A questão não se trata da relação de Deus para conosco, mas de nossa relação com Ele. Jó poderia ter mordido a isca e amaldiçoado a Deus, rejeitando-o por tê-lo deixado cair na situação em que caiu. Mas ele sabia quem era Deus.
Não importa o que somos nós. Quando conhecemos a Deus, deixamos de nos importar com o que somos, e passamos a experimentar uma novidade de vida.

A ideia errônea que permeia a mente de muitos nos últimos dias, é a de que não existe liberdade se não podemos fazer o que queremos sem sofrer as consequências. Mas, de fato, temos liberdade quando seu princípio não é quebrado. Temos liberdade até o ponto em que não extrapolamos o limite de nossas escolhas. Temos liberdade, exatamente quando temos o poder de escolha. Tudo está bem definido e explícito diante de nós, e é esse o discernimento que Deus nos permite. O controle de Deus é tamanho que mesmo ao quebrarmos o limite de nossas escolhas e sofrer as duras consequências, Ele ainda é capaz de mover-se de compaixão àquele que reconhece suas faltas.
Mesmo estando diante de um campo de batalha, há guerra que não nos pertence, foi isso que  tentativa de Pedro de proteger Jesus nos ensinou. O que importa é saber, que ao nos permitirmos estar sob os cuidados de Deus, entenderemos perfeitamente que a vontade dEle é sempre cumprida. As vezes é difícil esperar para ver. Difícil para Pedro que amava a Jesus estar diante dEle e vê-lo ameaçado sem que esboçasse alguma reação. Mas tudo estava sob o controle de Deus, porque nada foge ao seu conhecimento. Jesus sabia o que estava acontecendo com Ele e o propósito que estava cumprindo. Independentemente das circunstâncias ou situações que enfrentamos na vida, tudo está sob o controle de Deus. É por isso que Deus nos dá a liberdade de levantar a espada, mas também ensina que nem sempre o caminho que escolhemos é o melhor. Quando entendemos que tudo está sob o controle de Deus, vivemos uma vida de regozijo, de certeza. Submeter nossa vida ao seu cuidado e direção é sinal de que sabemos em  quem cremos, como disse Jó: “Eu sei em quem tenho crido.”
A mesma manifestação ouviu-se dos três jovens na fornalha: “Saiba que Deus pode nos salvar, mas se Ele não quiser salvar, não o rejeitaremos.”


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A GERAÇÃO SEM SONHO

A religião exerce um papel importante na formação do pensamento e do caráter das pessoas. A  fé vai  sendo  imprimida na mente, muitas vezes de maneira a desconstruir sonhos pela falta de entendimento sobre a nossa vontade material e a vontade de Deus.
Ajuda a olhar para o “invisível” fora da dimensão humana. O jovem pode aproveitar a vida, mas sabendo que Deus vai julgar tudo o que fizer. Isso é fato. “É mais fácil o camelo passar pelo fundo da agulha do que o rico entrar no céu.” De algum modo, o rico é demonizado, enquanto o que vive uma vida parca de bens, seria um bem aventurado diante de Deus, sem o entendimento real do significado das palavras.
Há muitas mensagens e frases de efeito, inclusive, para consolar os “pobres” que não exercem nenhuma motivação para que sintam vontade de colocar o pé para fora da bolha onde se encontram, sem levá-los a  entender que é possível ter uma vida próspera em todos os sentidos, sem ferir os princípios ensinados por Jesus, que orienta a seus servos a serem generosos uns para com os outros.  “Você é pobre porque os ricos roubam de você, exploram o seu suor.” É uma crença que promove mais separatismo e ódio, do que um olhar propositivo de superação.
Por outro lado, os pobres consolados, colocam-se em posição de superioridade como uma defesa de seu desinteresse pela riqueza material, levando-os a julgar e a suspeitar da riqueza dos ricos.
A vovó já dizia: “Quem não rouba e não herda, só vive na m...” Sem dúvida é uma frase de consolo para aqueles de boa moral e bons costumes, fazendo-os vangloriar-se da pobreza porque não roubaram e nada herdaram, mas não passa disso.
“Onde estiver o teu tesouro, ali também estará o teu coração.” Nesse pensamento não se demoniza o tesouro, nem o torna algo sem valor. O valor do tesouro que você tem, é a influência que ele exerce sobre a sua vida. Em que escala de importância colocamos os bens que possuímos? É ali que estará o nosso coração.
Uma religião que apregoa a “privação” e as necessidades materiais como sendo elementos favoráveis para o crescimento espiritual, acaba formando uma geração sem sonhos terrenos, predisposta a enfrentar as aflições e carências pela fé, mas uma fé que não promove o resultado de uma ação ao contrário. Por outro lado abre brechas para mensagens oportunistas que leva essas pessoas a um outro extremo de igual modo negativo. De que vale a fé como sendo apenas um elemento de resignação em meio ao sofrimento, se por ela não damos ordens a nós mesmos para agirmos e relutarmos diante das aflições e nos levantarmos diante das quedas? A fé que não move "montanhas", não é fé. 

A orientação sobre a privação, mal canalizada pelo ouvinte, exerce uma influência que pode levar até mesmo a um sentimento de culpa quando nasce o desejo de conquistar uma vida material próspera. É isso que leva muitos crentes a se desviarem dos ensinos considerados negativos, para experimentarem o que não encontram dentro das igrejas, como as palavras de motivação capazes de apontar  uma outra visão de vida e mudança de comportamento.
A carga de ensinamentos, muitas vezes mal entendidos pela falta de clareza, acaba escravizando o indivíduo que entende a vida espiritual como uma vida sem grandes avanços, de conformismos. É como aquele jovem que disse ao pai que não ia estudar, que não adiantaria, se o mundo ia mesmo acabar. É como aquele jovem que não sonha com uma vida próspera no futuro, se tudo ficará por aqui mesmo.
Há uma geração de crentes. Crentes pobres, “louvando a Deus na pobreza”, apenas por uma questão “ideológica” da privação, sem entender que Deus pode ser louvado também na riqueza e em tudo o que somos e temos.
Quando estudiosos começaram a propagar que ser rico não é pecado, o grande estrago mental já havia estagnado a vida de muitos. 
"Para quê sonhar, se este mundo é uma ilusão e nada aqui presta?"
Para desprogramar uma mente que pensa assim, só mesmo com a renovação do entendimento, como disse o Apóstolo Paulo. Não devemos nos conformar com o mundo, isso é regra para o Cristão. Mas é a renovação do entendimento que dará a ele a liberdade sobre sua vida e suas ações para usufruir dos bens disponíveis no mundo, ao mesmo tempo mantendo-se incontaminável de seus conceitos.



“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos.
Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem.
A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa.
Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor”.

Salmos 128:1-4

domingo, 2 de novembro de 2014

TENTE, MAS SAIBA COMO FAZER.

A manifestação de ansiedade e hiperatividade, é muitas vezes confundida com  proatividade; a pressa em se conseguir o que se deseja, pode ser confundida com ambição. As pessoas  mais lentas para tomar atitudes podem ser vistas como “preguiçosas” ou sem iniciativa. Algumas pessoas podem não ter ainda entendido ou aprendido a maneira correta de fazer. 
Antes   de   mais   nada  é preciso entender o que nos move a ir atrás daquilo que desejamos, ou simplesmente fazer algo apenas para não ficar parado no tempo, como uma satisfação para aqueles que estão de olho em nós, sem se nos preocuparmos muito com o resultado. Há muitos que se acostumaram a viver no limite ou contentes com a vida que tem, mesmo sem maiores avanços. É fato que esse comportamento traz prejuízos ao próprio indivíduo, e certamente, alguém estará pagando por sua inatividade.   
É fato de que algumas ações não são vistas externamente até que o pensamento se manifeste. Mas é preciso admitir que as experiências com os resultados das ações são elementos fundamentais para uma motivação cada vez mais sólida.
O que motiva o ladrão é o resultado do roubo. Até então o que moveu sua ação foi o desejo de possuir algo de maneira criminosa; o que motiva o amor é troca. Antes, o que existe é apenas o desejo natural de amar. Dificilmente alguém insistirá por muito tempo em algo que não deu o resultado esperado.
Na verdade, tudo na vida começa por uma tentativa motivada ou por uma necessidade ou por ambição, por uma forte vontade ou por um leve desejo. Mas tudo começa a ganhar sentido com o resultado que essa tentativa produz. Não é apenas ir “com sede ao pote”. É preciso ir ao pote certo, que tenha água que sacie essa sede; no caminho certo, respeitando os limites; superando os desafios. Não é normal que alguém passe muito tempo fazendo a mesma coisa sem o resultado esperado e continuar esperando outro resultado. Sem resultado, é o mesmo que não fazer nada, e a situação tende a piorar com o julgamento alheio, daqueles que estão a sua volta. Por isso é importante que nos tornemos protagonistas da nossa vida e de nossas escolhas. Fazer parte de projetos que não dependem inteiramente do nosso esforço pode causar sérias frustrações até o ponto em que não se vê muita saída com as mesmas fórmulas. É muita expectativa e energia desprendida para a obtenção de resultados pífios e a situação piora quando percebe que o trabalho sem resultado acaba perdendo o valor.   Alguns tem comportamento mais agressivo; outros são moderados. O importante é saber como lidar com os resultados independentemente do temperamento. Os moderados arriscam menos e seus resultados podem ser mais lentos, porém mais duráveis; os agressivos podem passar a vida como numa roda gigante. A impulsividade pode trazer boas ou más consequências, mas tudo dependerá de como o indivíduo calcula o seu “bote.”

Há muitos que empreendem esforços repetitivos sobre algo que não produz o resultado esperado. Mas nesse ponto é preciso parar e avaliar o porquê do insucesso de seus esforços. Há aqueles que não mudam porque ainda não estudaram como mudar, ou porque ainda estão presos a algum conceito ou circunstância, nem sempre por comodismo ou teimosia. É preciso que fique claro até que ponto essa “espera” gera algum prejuízo a si mesmo ou aos outros, seja ele material ou emocional e o momento certo de retomar o controle da própria vida.
O “sedento” ao pote pode comemorar quando encontra o que busca, porém, se o fracasso da  investida cruzar o caminho, precisa levar em conta as falhas no “ataque.” O que deu errado? O problema seria um pote vazio? Ou o problema é o  sedento que corre a esmo só para ser visto em movimento ou sem planejar a direção certa?  Teria tido uma ilusão de ótica? Ou estava certo de que não daria certo, mas só para mostrar que estava fazendo alguma coisa?
Não basta apenas ter “sede”, mas planejar a busca da água, senão o risco é desprender esforço sem resultado que para alguns pode ser “um balde de água fria” – e é assim na maioria dos casos. Expectativas frustradas podem gerar graves problemas, e algumas pessoas se prostram, desistem. Outros tentam de novo por ser a única alternativa que tem. Poucos tentam outra vez com a bagagem das experiências anteriores, por isso há mais perdedores do que ganhadores, levando em conta as estatísticas de pessoas bem sucedidas em seus negócios. A alguns, os erros ensinam e motivam. A outros, desanimam. Dá para perceber que em tudo o que pesa é a questão de ótica. Como vemos os desafios e como empreendemos a nossa motivação em busca dos resultados. Para tudo é preciso dedicação. A nossa parte é sempre o primeiro passo, mas assumindo o papel de protagonistas dessa história.



PENSE EM VOCÊ

Nem todos tem o equilíbrio de pensar em si mesmo sem deixar o compromisso com o outro.
Há um exemplo clássico descrito na Bíblia que relata a experiência do profeta Jonas. Ele chegou até mesmo a “discutir” com Deus, negando até o último instante a fazer o que Deus pedira: ir até a cidade de Nínive avisar aquele povo que desconhecia o certo e o errado, de que a cidade seria destruída se não houvesse arrependimento de seu povo. Uma cidade idólatra e adúltera, onde a violência era generalizada. Aquele povo nem de Deus era, como teria dito Jonas; tinham outros deuses a quem invocavam como o deus verdadeiro.
A relutância de Jonas talvez não tivesse ocorrido por medo de enfrentar aquela cidade, mas por acreditar que para seus moradores não havia solução. Mas era Deus quem o estava ordenando ir. Por um lado, essa relutância mostrou o lado questionador do profeta, que não aceita uma ordem sem demandar suas opiniões, e que por outro lado mostrava que ele parecia ter um sentimento egoísta de pensar em si mesmo, que se revelou quando Deus perdoou os pecados do povo que se arrependeu. Jonas pensava em sua reputação de profeta: “Como fico eu como profeta? Eu disse o que o Senhor mandou de que a cidade seria destruída e o Senhor muda de ideia e não destrói a cidade?”
Mas Deus foi exaltado até mesmo no momento em que o profeta foi jogado ao mar quando descobriram que ele era o culpado pela tempestade que atingiu a embarcação. Comandante e tripulação reconheceram o Deus criador, o Deus de Jonas, como o Deus verdadeiro. Não é apenas quando tudo vai bem para nós particularmente que Deus se manifesta. Muitas vezes somos como instrumentos dEle para que seu amor se manifeste aos outros. Nem sempre ser lançado ao mar significa derrota, a não ser se nutrirmos pensamentos egoístas e não reconhecer que esse “incidente” pode resultar em manifestação da vontade de Deus para a salvação de outros. Jonas se sentiu humilhado, ridicularizado; por muitas vezes mostrou mal humor, até mesmo ódio contra os que não temiam a Deus, como se tivesse “tomando as dores” de Deus e tentando pensar no lugar dEle.

Mas parece que decretar o fim e a morte dos incrédulos e rebeldes  traz um certo “alívio” para muitos que se apegam ao que Deus determinou. A pregação do juízo pode trazer arrependimento àqueles a quem a mensagem é pregada, mas não é admissível o questionamento a Deus sobre a salvação de quem quer que seja. Parece que a nossa palavra como profetas tem que se cumprir do jeito que anunciamos, sem contar que a misericórdia de Deus pode alcançar o coração que se arrepende até na última hora. Pensamos em nossa “imagem” e reputação como povo de Deus quando profetizamos e a profecia foge ao nosso controle. Não podemos determinar a ação de Deus. Como seus  servos  devemos acatá-las, pois diante da vontade de Deus, nossa vontade nada representa. Jonas tentou fugir da missão, desviando o rumo, argumentando de acordo com sua visão e conhecimento permeado de preconceitos e julgamentos. Mas por fim, a vontade de Deus prevaleceu. Jonas não quis. Deus o fez cumprir a missão, mesmo com todas as observações que tinha. Isso também é mostra de que Deus é soberano até sobre o livre arbítrio do ser humano, quando o faz entender que cada um de nós pertence à Ele e que por isso é capaz de mudar o fim da história daquele que, ao reconhecer seus pecados, de Deus roga o perdão sincero. E não depende exclusivamente de nós. Deus opera em nós também o querer. 


sábado, 1 de novembro de 2014

AMAR TAMBÉM É ENSINAR A VIVER


Na terceira vez que o jovem foi à rádio pedir ajuda, perguntei a ele se tinha vontade de trabalhar e se ele já tinha trabalhado com alguma coisa.  O rapaz foi à emissora fazer um apelo para conseguir alguma coisa para sua família comer, pois sua mãe estava de resguardo do filho mais novo, cujo pai abandonou. Ele tinha outros irmãos pequenos e passavam necessidade. As contas de luz estavam atrasadas assim como o aluguel e sua família corria o risco de ser despejada.
Pelo rádio fiz o apelo diante dele. Conseguimos ajuda, e ele ainda recebeu materiais para trabalhar com o que fazia antes. Era vendedor de doces ambulante pelos pontos de ônibus da cidade onde morava. O apelo do programa tocou um pequeno empresário do ramo que doou muitos produtos para o rapaz.
Passaram-se alguns meses e do aquário vi um rapaz chegando à recepção da emissora e o reconheci. Queria falar comigo novamente e esperou ali no banco da recepção até que fui informado sobre ele. No intervalo sai do estúdio e fui ao encontro dele. Perguntei se estava tudo bem, depois do último contato que tivemos.
Ele sorriu e disse que estava tudo bem, e que tinha ido lá para me agradecer.
-Sabe toda aquela mercadoria que eu ganhei do programa? – perguntou. - -Eu montei uma banca em frente a minha casa e meus irmãos mais novos estão vendendo, e tem uma escola perto, o movimento é bom, enquanto eu saio para vender na rua.
Fiquei impressionado com a notícia e feliz porque foi uma ajuda além da cesta básica. Ele recebeu condições de ir além e soube aproveitar a oportunidade e voltou para me dizer o que havia acontecido.
-Dessa vez eu não vim para pedir. Eu vim para agradecer!
Bom seria se todos soubessem aproveitar as oportunidades que recebem e não apenas depender de ajuda sistemática, indo aonde podem conseguir.
A ajuda não foi negada, mas a proposta foi além. O rapaz humildemente aceitou e entendeu que se não fizesse nada, seu destino era sempre pedir ajuda. Se não fizesse nada, a cesta de alimentos acabaria e dependeria novamente da caridade alheia. Mas a caridade vai além. É dar o pão e orientar sobre como granjeá-lo com dignidade.
Assim fazia meu avô Chico, quando os rapazes passavam em frente sua plantação de mandioca e pediam. Ele arrancava a raiz, limpava, colocava nuca sacola e entregava aos meninos.

-Espere agora um pouco – dizia, cortando as ramas em pequenos pedaços que havia arrancado.
-Leve agora, e planta. A terra é boa. Se você plantar também, você terá mandioca e não vai precisar pedir mais.
É bem verdade que essa medida não é política, nem popular. Mas é verdadeira. É fato. Se você pede e recebe e não faz nada. Terá que pedir de novo.
Encolher a mão, jamais. Estender o coração, sim. É preciso entender que nem todos são capazes de criar seus próprios meios de sobrevivência por vários motivos, desde questões de saúde física e mental, entre outros.

Amar não é só doar vida, mas ensinar a viver. É preciso entender que haverá sempre alguém precisando ser carregado na “maca” até receber a cura. O amor que perdoa o pecado e orienta: "não peque de novo."  
Jesus ensinou o amor completo, generoso. Que dá a segunda volta, que oferece a outra face.