domingo, 7 de setembro de 2014

VALORIZANDO A MEDIOCRIDADE

Muitos temas em nossa sociedade acabam virando moda, caindo na boca do povo, repercutindo em propostas políticas daqueles que se colocam como defensores de uma sociedade "mais justa e igualitária".
O simples fato da pregação de  que  todos somos iguais revela diferença. E por que a diferença não deveria ser aceitável? É preciso entender que nas relações humanas essa questão deveria estar superada. Tratar as relações sob esse aspecto é algo exageradamente fútil. Por que temos que dizer que ser diferente é normal, em vez de aceitar a diferença como diferença e respeitá-la distintamente? Isso é preconceito? E se dizemos que devemos "passar por cima das diferenças" é admitir que elas não existem? Isso seria preconceito? E quando surge a necessidade de discutir que somos todos iguais, ou que as diferenças existem ou não existem, não haveria de maneira oculta uma "discriminação?"
Até as lutas por união, separam. Não se consegue unificar através de lutas e movimentos. Não se acaba com a discriminação criando facções. O que faz a diferença é o indivíduo se reconhecer: seus valores, suas potencialidades, sua capacidade, seu entendimento de sua parte no coletivo e intimamente.


Por outro lado, cultuam-se as diferenças, como se a diferença precisasse de defesa ou autoafirmação. Há os que usam a palavra “intolerância” por exemplo, como uma maneira de mostrar que os direitos precisam ser respeitados, sem a devida noção do que significa o teor da palavra. Mas ninguém jamais dirá sou tolerante, se ainda não passou pelo teste da provocação. Fala-se em preconceito, atribuindo a palavra apenas ao racismo e ao homossexualismo. Tudo o que ganha destaque de maneira exacerbada, todo o “culto” exagerado, acaba sobrepondo-se à razão, levando o indivíduo a considerar que tudo o que se pareça oposto ao rótulo que entende ser um escudo capaz de protegê-lo contra o desrespeito, deve ser combatido pelos rigores que a lei estabelece. Isso ainda é mostra da “involução” do ser humano em relação a suas percepções e o que ele representa para si mesmo e para a coletividade. Sem essa noção, acaba se transformando em massa de manobra oportunista para fortalecer ainda mais as diferenças, fragmentando a sociedade em grupos distintos, em facções com perímetros demarcados. A manipulação vem de movimentos que se estabelecem para tirar proveito político da situação, fazendo a cabeça das massas consideradas marginalizadas para gritarem por respeito e dignidade. Quem poderá conferir dignidade a alguém senão o seu próprio reconhecimento de ser plenamente atuante, independentemente das atribuições advindas de movimentos e exploração midiática? 



Esses movimentos acabam interferindo na liberdade do indivíduo em sua própria análise de si mesmo, e acaba por ser provocado a reagir segundo as sugestões que recebe como informação sobre suas características físicas, étnicas ou religiosas. Acaba aceitando rótulos e rejeitando outros, de acordo com suas conveniências.
Achei interessante a opinião de Clodovil, o polêmico costureiro homossexual que chegou à Câmara Federal, morto em decorrência de um infarto. Ele declarou numa reunião LGBT que não era favorável ao ativismo Gay. “Não tenho orgulho nenhum de ser gay. Tenho orgulho de ser o que sou” – enfatizou, ressaltando que a família merece respeito e que todas as pessoas surgiram de uma união hetero, homem/mulher. Ouvir tais palavras de uma pessoa que se declarava homossexual é algo que nos leva a imaginar o grau de maturidade que alcançou. O surpreendente de tudo isso é que Clodovil foi vaiado pelos gays que estavam reunidos ouvindo seu discurso. O sistema manipulador, juntamente com seus manipulados tem dificuldade de aceitar pessoas livres, que pensam por si mesmas, com capacidade de analisar o ambiente à sua volta e posicionar-se por suas próprias avaliações. 

O ativismo passa a ser uma forma de autoafirmação, um culto, buscando ocupar um lugar que não existe. A rotulação de algo ou comportamento, ou escolhas e preferências,  e a necessidade de obter respeito de maneira agressiva em sua forma de agir, mostra a imaturidade e a forma manipuladora com que esses grupos vem sendo trabalhado. O ser humano precisa reconhecer-se diante do todo; reconhecer e respeitar-se para que consequentemente alcance respeito. Dignidade não é coisa que se recebe de outros, não é um objeto ou uma dádiva. Dignidade é um sentimento alimentado pela introspecção de seus valores como indivíduo, independentemente do reconhecimento externo.
Ao entrevistar o cantor Agnaldo Timóteo sobre racismo, ele foi categórico ao me afirmar que os negros são os maiores racistas, e admitiu: “Veja os jogadores de futebol negros... eles vivem às voltas com as loiras” – alfinetou, acrescentando que eles fazendo isso, passam uma imagem racista para a sociedade.  “E são eles (os negros) que vivem com a camiseta estampada 100% negro” – complementou.  Para Agnaldo Timóteo, essa é uma maneira de agir que não ajuda a combater o preconceito.
O curioso é saber que Agnaldo Timóteo é negro, e disse ter sofrido discriminação, nem por isso se colocou como vítima. “Esse comportamento de vitimização é falta de autoestima. O negro precisa mostrar que ele é capaz e deixar de lado essa babaquice de se sentir agredido; tem que estudar, tem que ter vontade de acertar, assim como eu fiz e venci na vida como um menino pobre de Caratinga.”

Certa vez um amigo de meu pai que de vez em quando fazia uns serviços lá em casa, disse certa vez: “Eu gosto muito de vocês. Vocês são brancos e me tratam bem; vocês não são racistas.” Pude dizer a ele, que havia tocado num assunto que jamais passou pela minha cabeça. Nunca parei para pensar: sou branco e você é negro. Afinal, por que esse assunto ainda é discutido? 

Quando percebemos que a mídia e políticos trabalham no sentido de “separar” negros de brancos, tendo que recorrer ao rigor da lei para garantir direitos específicos para indivíduos de outra etnia e acentuando a divulgação de palavras e ações racistas, a tendência é exacerbar ainda mais o preconceito e essas ações não surtem nenhum efeito didático, a não ser a força da punição prevista em lei  que não é capaz de mudar o caráter e a educação daqueles, de algum modo, “involuídos” como indivíduos que de igual modo são produzidos e manipulados também por um sistema desagregador e separatista.
Nossos formadores de opinião são oportunamente tão retrógrados  que a defesa para um jogador de futebol chamado de “macaco” por um torcedor descontente, é a frase viral que ocupou as redes sociais: “Somos todos macacos.” É a tentativa de combater um fato com uma mentira, na tentativa de solidarizar-se com o ofendido. Por outro lado é reforçar o xingamento: se somos todos macacos, que ofensa haveria então? Não estaríamos admitindo que o jogador é mesmo um macaco assim como todos? Pura hipocrisia. Jogo de palavras que desviam o olhar da realidade. A supervalorização, o eco, daquilo que é insignificante, passa a ganhar destaque e, de certo modo é um estímulo para que essa questão continue sendo tratada desse jeito: rasa, medíocre, sem propósito.
O que você pensa de si mesmo? Você é aquilo que as pessoas dizem que você é? Você acredita ser exatamente aquilo que as pessoas rotulam?
Você rotula alguém? As pessoas são mesmo o que você diz a respeito delas? Elas são mesmo aquilo que você as rotula? 

Você ainda acha que quem tem aquele cartão de crédito tem o mundo a seus pés? E que sem ele você é nada? Quem reconhece e sabe do seu valor a não ser você mesmo?
Você ainda acha que com aquele carrão do comercial da televisão vai conquistar a mulher dos seus sonhos? 
Assim é a nossa sociedade. Fracionada. Exclusivista. Preconceituosa. E cada parte corre atrás de seus interesses. Não se permita a manipulações. É preciso que você se reconheça diante de tudo isso.

Ainda é preciso amadurecer. E muito. 

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