sexta-feira, 31 de maio de 2013

ARMA LETAL


Dinheiro: nem tudo compra
A pobreza nunca foi pretexto para ele sentir-se inferior aos outros, nem justificativa para cobiçar o que não lhe pertencia, nem mesmo para tentar explicar a violência, os problemas sociais que ocorriam lá fora, em que muitos explicam a carência e necessidade como fator desencadeante dos crimes. Desde ainda jovem, nunca deu "calote" no cobrador de ônibus pulando a roleta (catraca). Quando não tinha dinheiro para a passagem, ele andava a pé. E não se maldizia nem a outros por isso. Para ele, essa era sua realidade do momento que precisava enfrentar com dignidade. Pobreza para ele era uma fase e dizia que todas as conquistas na vida eram fruto do trabalho. Aprendeu que pobreza é mais uma condição "espiritual" do que falta de dinheiro. Mas o menino não pensava assim por si mesmo. Ele foi educado e orientado por seus pais. Sua mãe lavava roupas para fora para cuidar de 5 filhos. Jamais culpou o sistema e falta de oportunidades por causa disso. Era daquelas que preferia deitar a cabeça no travesseiro e dormir, com a certeza de não ter prejudicado a ninguém naquele dia. O pai, também não tinha muitas condições e ajudava no sustento da família com uma aposentadoria pequena. Mas na casa daquele menino não faltava o essencial. Comida e roupas nunca faltaram; no quintal de casa, sua mãe cultivava hortaliças; amor e respeito entre pai e mãe e carinho com os filhos nunca foram interrompidos pela luta de seus pais para dar-lhes uma vida melhor. 

Um desses irmãos, o mais velho, começou sua fase de trabalho. Pensando estar preparado para enfrentar os desafios do lado de fora de seus portões, deparou-se com realidades que nunca tinha visto. Para ele, o mundo era o que seus pais ensinaram. Começou a perceber, de longe, a maneira como as pessoas na empresa  onde trabalhava agiam. Pagava-se caro para manter boa aparência; descobriu endividados para alcançar o que diziam ser um padrão melhor de vida. Certa vez, um colega se aproximou e começou a falar mal de outros colegas; reclamar de salário, enquanto ele estava feliz e grato pelo emprego que conseguiu com sacrifício.

Como o jovem era recém chegado e não entendia muito bem o que se passava, seria uma boa arma DAQUELE MAL INTENCIONADO PARA prejudicar um desafeto. Tudo estava combinado inicialmente para o novato ajudá-lo numa "armadilha" Ele quase foi persuadido, não fosse o seu senso de justiça e valores que sua mãe lhe ensinou. Ele mal dormiu aquela noite pensando sobre a proposta daquele colega de trabalho. O jovem teria que passar por cima de tudo o que aprendeu. O combinado foi que ele teria que colocar na bolsa do desafeto daquele colega de trabalho vários talões de cheque e dinheiro, e uma denúncia faria o chefe descobrir que estaria sendo roubado. Ao terminar o serviço, o jovem receberia uma quantia em dinheiro.

Ele pensou consigo mesmo: "Por que esse rapaz quer prejudicar o outro dessa maneira?" Por que eu deveria ajudá-lo a fazer isso? Por que para ele isso é tão importante a ponto de me oferecer dinheiro para fazer algo que não é verdade?" Assim ele disse ao rapaz que não poderia ajudá-lo e que ele deveria pensar mais sobre o que estava tentando fazer com o colega. 
 
É preciso preparo, disposição espiritual e muita dignidade  para enfrentar as adversidades da vida. A criança precisa ser bem orientada e educada. Aprender sobre o respeito ao próximo, a defender os valores que aprendeu, mesmo diante de ofertas tentadoras. Esse jovem pode ter sofrido muito por se comportar dessa maneira, assim como muitos que praticam a justiça sofrem. Depois de sua negativa em atender ao pedido daquele colega, não se sabe mais o que ocorreu. Poderia o rapaz der refletido e mudado de ideia quando o novato o pediu para repensar o que pretendia fazer, ou levou adiante sua engenhosidade do mal, usando outra pessoa como cúmplice? 

De fato, em casos assim, pessoas consideradas honestas costumam ser perseguidas num sistema onde o respeito com a coisa alheia é quase inexistente. Para alguns, procurar ser bom e decente, cumprir suas obrigações e até mesmo ir além do que lhe é proposto,  é deparar-se com conflitos num ambiente em que comportamento dessa natureza pareça uma ameaça. Manter-se firme diante de ofertas de benesses em troca de alguma prática que fere o princípio do amor a Deus ao próximo, é estar disposto a conviver com conflitos invisíveis, mas ao mesmo tempo, promove a paz da consciência.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

NA HORA "H"...FORA DE CENA

Ator tem 77 anos
Ele é um famoso ator Francês, que brilhou nas telas da televisão e do cinema. O célebre galã Alain Delon reconheceu à uma revista que a morte é a única certeza que se tem e que não gostaria de morrer sozinho. Aos 77 anos ele diz que perdeu "a paixão" pelo mundo que o rodeia e que passa a maior parte de seu tempo "à toa", rodeado de seus animais de estimação enquanto tenta desfrutar ao máximo de seus filhos e seus netos. E declarou: "Fui tão feliz como não se pode ser toda a vida". Sempre cercado de beldades, o ator fez sonhar milhões de mulheres de todo o mundo. Nascido em 8 de novembro de 1935, Alain Delon participou de mais de 100 filmes em 50 anos de carreira.

Essa atitude, por um lado, pode despertar muitas especulações até mesmo sobre sua saúde: poderia ele estar deprimido ao dizer publicamente o que normalmente não se espera de um astro hollywoodiano, mesmo com sua idade considerada avançada? O que pensariam, por exemplo de um jovem ao dizer essas palavras? Seria o fim da vida, ou o início de novas perspectivas, com olhares voltados para o que se considera algo superior ou maior do que se pode conquistar como merecimento, aplausos, ou até mesmo algo que nos faz sentir melhores pelos efeitos que geramos nos outros? Seria uma nova perspectiva de vida, na qual nos reconhecemos diante da transitoriedade e da instabilidade humana? Mais cedo ou mais tarde, alguns entendem que na vida há tempo para todas as coisas e essa percepção faz reconhecer que há algo muito mais importante na vida que merece dedicação maior. Para muitos é estar ao lado dos filhos e netos depois de ter cumprido seu papel profissional.
No auge da fama

De fato, o alcance da maturidade espiritual, pode ocorrer não só com a idade avançada. Há muitos hoje que desejariam aproveitar melhor o tempo e não viver escravizado pelas coisas, pelos holofotes da fama, levando uma vida dando mais satisfação ao público, do que dedicando tempo a si mesmo e a coisas que edificam. É preciso colocar na balança as nossas escolhas e ações, e perceber o que tem valido a pena. Talvez desfrutar de uma vida tranquila na velhice, depois de ter feito tudo, e sentir-se realizado seria mais cômodo para os que trabalharam para ter sossego nessa fase da vida. Mas o que importa é perceber se o ritmo de vida que levamos pode nos trazer no futuro a tranquilidade e a felicidade que almejamos. Todos nós passamos situações difíceis na vida até alcançar a maturidade, quando começamos a aprender com nossas próprias experiências ou com as experiências alheias que observamos. Alain Delon declarou que "viveu uma felicidade que não pode ser vivida toda a vida." Mas por que não? Algumas vezes canalizamos a sensação de felicidade nos momentos que vivemos, e essa pode ter sido a experiência do ator, quando estrelava em sua brilhante carreira, usufruindo de todo bem que poderia desfrutar por suas influências no meio em que vivia. Se ele atribuía sua felicidade a esses momentos, é certo que essa "felicidade" tenha passado. Mas podemos tornar a felicidade permanente, quando encontramos motivação para ela em outros aspectos da vida. Hoje ele diz que vive a vida convivendo com seus netos e seus animais de estimação. Não quer dizer que hoje, numa outra realidade não possa encontrar motivação para a felicidade diante de sua nova experiência. Todos nós podemos trocar uma "felicidade" por outra. Felicidade tem a ver com contentamento em cada fase da vida, diante de realidades que não podemos mudar, mas encarar cada momento com sabedoria.Com esse entendimento, a frase: "Eu era feliz e não sabia" não fará parte de nosso vocabulário.

Seja como for, a decisão sobre como queremos viver a vida, depende das escolhas que fazemos, das prioridades que elegemos. Finalmente, todos vivem. O rico e o pobre. Os "bem e mal resolvidos". Os precipitados e os cautelosos. Com dificuldade ou não, todos seguem o curso da existência, cada qual enfrentando as consequências de suas ações. O que diferencia não são os problemas ou desafios que enfrentamos, o temperamento que temos ou condições sociais. É como nos enxergamos diante disso e o que fazemos para melhorar o que achamos que precisamos. Não são problemas maiores ou menores. 

Eles são proporcionais às nossas ações, aos nossos movimentos, aos nossos sonhos. As consequências são maiores ou menores de acordo com a energia que desprendemos para alcançar o que almejamos.   Aqui cabe o que disse o Sábio Salomão: “Na vida, tudo é vaidade e correr atrás do vento”. Mas se pararmos nesse ponto, viveremos uma vida medíocre, que se resume unicamente no que fazemos, no que conquistamos, ganhamos ou perdemos. Mas é preciso alimentar algo mais profundo e significativo dentro de nós que é a esperança de uma vida futura. O conselho de Jesus é: escolha a vida para que viva.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

"...SE NÃO VEM POR AMOR, VEM PELA DOR"

Deus não precisa afundar os Titanics da nossa vida para mostrar que tem poder. Ele não precisa punir com morte a quem dá uma baforada de maconha em sua "homenagem" para reprovar essa ação e mostrar que o poder é dEle. Todas as ações humanas que tentam mostrar sua suficiência e segurança, com base em seus próprios esforços e condições, são insuficientes e inseguras. O que ocorre em função disso tem muito mais a ver com a consequência do orgulho e do sentimento de que é inatingível e protegido aos seus próprios olhos. Os atos de rebeldia e de desonra a Deus e ao próximo, na verdade revelam o caráter pervertido, que naturalmente leva o indivíduo  à própria destruição. Mas há muitos que, equivocadamente, ainda atribuem à justiça (punição) de Deus contra quem o rejeita.

Ele era um comerciante e vivia às pressas. Para ele, tempo era dinheiro e constantemente estava correndo contra o relógio. Era ele quem corria atrás de mercadorias para abastecer seu quiosque; o movimento era grande e a reposição de seus produtos era algo constante porque não tinha como armazenar muita coisa no local onde estabeleceu seu comércio.

Foi numa dessas saídas às pressas que ele sofreu um grave acidente. Ficou à beira da morte na UTI de um hospital, após ter entrado na traseira de um caminhão quando pilotava sua moto. Os que viram o acidente não podiam imaginar que alguém poderia sair vivo daquele desastre.


Este homem algum tempo atrás foi um cristão. Por causa do trabalho e de suas necessidades materiais, não conseguindo conciliar suas atividades com a prática da fé, decidiu afastar-se da Igreja e da comunhão com Deus. Não orava, não estudava mais a Bíblia, distanciando-se cada vez mais. Ao recuperar-se, ele decidiu voltar para a igreja e, segundo o que afirmou, precisava consertar-se com Deus.
De longe, nas rodas de conversa muitos comentavam: "Ele não voltou por amor, voltou pela dor!"

 
Esta é uma frase que ouvimos costumeiramente e que muitos até consideram que  Deus tem a maneira certa de agir na vida das pessoas. Mas até que ponto essas considerações revelam realmente o caráter de Deus? 

A dor pode levar à reflexão
 
 

Não seria prazeroso alguém seguir a Deus por medo, por receio de morrer, nem por ser a última alternativa quando não se tem mais para onde ir, pois seria uma decisão circunstancial que o momento impõe. Talvez, seguir a Deus por motivos passionais ou com outro sentimento que não o amor, pode não ser algo duradouro e perdurar apenas na fase de insegurança. Apegar-se à Deus nesse momento, poderia ser uma tentativa de proteger-se. Se a decisão não for por amor, quando a poeira do medo baixa, pode-se perceber que não houve de fato uma conversão racional.

A dor também ensina e pode levar-nos à reflexão sobre a nossa vida e maneira de viver. Uma doença sem sintomas nos furta o direito ao tratamento. Na vida, seja em que grau for, a dor é um sintoma. É preciso identificar que tipo de aviso essa dor quer nos trazer.

A dor que sofremos na vida, não pode  ser  vista  como  um  alerta  de  Deus tentando nos convencer de que Ele nos ama e por causa disso nos permitiria o sofrimento para entender que precisamos dEle. Deus é o autor da vida, o nosso criador e a nossa relação com Ele baseia-se na liberdade. Toda consequência que podemos sofrer pelo afastamento de Deus, é como sintoma. Mas a dependência que temos dEle é algo tão natural quanto o próprio respirar, como o pulsar do nosso coração. Não temos o controle sobre a nossa vida  pois ela está ligada ao Criador. Contudo, as decisões que tomamos na vida é que nos traz consequências, boas ou más. 


Não importa o que você faça de sua vida com base em suas escolhas. Sejam quais forem, o resultado sempre será compatível com as ações que pratica. Não dá para termos certeza de sairmos bem no trânsito avançando o sinal vermelho. Pode ser que uma ou outra vez, o infrator saia ileso, mas a consequência natural da desobediência a essa regra é o acidente. No fundo, cada um de nós sabe sobre a vida que leva, sobre as decisões que toma e no tribunal da consciência cada um se encontra com o seu juiz.

A Ideia de que, "se alguém não for a Deus por amor, irá  pela dor", não se encaixa nesse contexto, pois há sofrimento que tem a ver com nossas escolhas; e mesmo os que ocorrem motivados por ações de terceiros, o sofrimento faz  parte  do  contexto  circunstancial em que vivemos. 

Deus está acima de tudo isso.  Quando alguém decide seguir a Deus depois de um grave acidente sofrido, em que atribua isso a um milagre, tem mais a ver com o reconhecimento do indivíduo dessa necessidade de Deus em sua vida, do que uma ação ativa de Deus oportunamente para levar essa pessoa a aceitá-lo. Pois assim, Deus estaria interferindo na liberdade de alguém, criando situações para que essa pessoa se entregasse a Ele. O plano de Deus é bem maior. Se alguém decidiu seguí-lo após o livramento de uma tragédia, tem mais a ver com a consciência pessoal de reconhecer sua situação diante de Deus, e que precisa mudar de vida. 
Os icebergs do mar desta vida estão sempre diante de nosso caminho. Há os que se sentem tão seguros e se distraem, a ponto de não perceberem a rota de colisão.