terça-feira, 29 de janeiro de 2013

COMUNICAÇÃO E O TESTEMUNHO DA FÉ



ENTRE O LÍCITO E O CONTRADITÓRIO
Há emissoras religiosas, por exemplo, gastando tempo com discussão sobre campeonato de futebol, o que outras emissoras o fazem com muita competência, com equipe formada e treinada para discutir esse assunto. Outras, procuram seguir linha de programação idêntica a rádios populares, que ao invés de tornarem-se um diferencial, uma alternativa, engrossam o coro dos que fazem rádio apenas com fins comerciais de objetivos popularescos, fugindo à sua proposta original.Esta é uma maneira mais fácil, mais prática de fazer programação, pois na maioria dos casos, são pautas de terceiros, sem a necessidade de uma equipe de produtores pensadores que se afinem com a filosofia confessional. Suas referências são as de fora.  Assim comprometem sua identidade e consequentemente depõem contra sua própria mensagem. Isso ultrapassa a linha do espaço ou de condições técnicas e recursos operacionais.
Não basta comunicar, mas o que comunicar.


Toda e qualquer mensagem que se contrapõe à filosofia que a emissora confessional  defende, torna-se contraditória. Exemplos claros são programas de auto ajuda com linguagem menos proselitista para alcançar um público diferenciado. É preciso muita atenção nos textos prontos, em seus autores e o que querem passar. O jornalista deve verificar com visão crítica os detalhes do texto e identificar seu propósito. Copiar e colar apenas, é um grande risco e pode comprometer a credibilidade editorial.

É possível, por exemplo, que em alguma mensagem para despertar a nossa atenção para a maneira como nos relacionamos, citar o “porco espinho que  aprendeu  com o tempo a segurar  seu espinho sobre a pele, a ponto de não ser expelido a atingir seus irmãos. Esse “aprendizado” do porco espinho é um pensamento evolucionista. Se a nossa visão e defesa é da teoria criacionista, caímos em contradição. Os evolucionistas crêem que esse animal tenha garantido sua manutenção exatamente por esse controle.

São mensagens com exemplos importantes, quando o objetivo é aplicar ao nosso comportamento, sugerindo-nos maior controle sobre as nossas emoções que poderiam ferir aos outros. Sob o ponto de vista social é uma mensagem forte, necessária e convincente, porém, sua “fonte” destoa da linha confessional defendida. Há muitos outros temas de importância social, cultural e  comportamental que os meios de comunicação devem abordar. Contudo, é preciso definir a maneira de  abordagem. Um mesmo tema pode ser “explorado” de várias maneiras. Tratando-se de emissora de proposta cristã, suas abordagens não devem negar suas propostas, dando ênfase nos pontos de maior importância de seu editorial. 

Um exemplo são fatos que não passam despercebidos, como a morte de um artista famoso, um astro da música pop ou um líder religioso renomado. Notícias como essa  num veículo cristão não são necessárias, mas se forem veiculadas, devem ser feitas de maneira objetiva e discreta, apresentando um viés diferenciado, sem detalhes que façam promoção dessa “figura popular”.  
Michael Jackson  morreu de overdose
de medicamento analgésico. A causa
da morte é sugestiva para uma abordagem
mais ampla sobre os perigos que as drogas
lícitas também oferecem. 


Se um artista morre de overdose de medicamentos, ou por uso excessivo substâncias tóxicas, a abordagem merece alerta sobre o mau uso de medicamentos controlados. Outro viés para esse fato, é fomentar uma discussão com especialistas, por exemplo, analisando o que pode levar alguém que aparentemente tem fama e dinheiro a um fim tão trágico. Nesse caso, as supostas causas da morte, deveria ser o ponto da notícia mais importante para ser explorado, não a morte do “artista” em si.  Há emissoras religiosas, por exemplo, gastando tempo com discussão sobre campeonato de futebol, o que outras emissoras o fazem com muita competência, com equipe formada e treinada para discutir esse assunto. Outras, procuram seguir linha de programação idêntica a rádios populares, que ao invés de tornarem-se um diferencial, uma alternativa, engrossam o coro dos que fazem rádio apenas com fins comerciais de objetivos popularescos, fugindo à sua proposta original. É importante lembrar que emissoras confessionais, acabam se transformando em referência da denominação religiosa que representa. Desde a plástica ao conteúdo, a linguagem utilizada, o cenário apresentado, tudo deve transmitir de maneira clara sua mensagem, que não dê sentido confuso em relação à sua crença. Essas emissoras não deveriam evoluir como algo maior que a denominação que representa, mas repercutir sua identidade em todos os aspectos. 
Comunicação é sempre propositiva em seu aspecto editorial
Não é inteligente sob o ponto de vista confessional, característico de emissoras de representam uma igreja, gastar tempo com temas explorando o mesmo enfoque que outras emissoras exploram. Tudo precisa ser transmitido depois de pensado, com sua própria linguagem, com sua própria linha editorial, sem comprometer a notícia que dá suporte para outras discussões ou sugestões. 



Quando o caso é de violência infanto-juvenil, não deveria ser explorado apenas como crime e a defesa acalorada de maior punição para os menores infratores, ou a diminuição da maioridade penal. Esta é a defesa natural de todos os meios de comunicação, que se atém a relatar, a retratar o acontecimento, sem uma visão analítica sobre causas, circunstâncias e sugestão de mudança. O ponto mais importante seria discutir a estrutura familiar e social moderna, na qual esses jovens estão inseridos; seu estilo de vida, as perspectivas sócio educativas, etc.  
 O meios de comunicação explorados por instituições religiosas deveriam, em sua essência, ser uma voz alternativa aos conceitos superficiais da crítica pela crítica, ou da reprodução do pensamento coletivo; não deveria informar o que todo mundo quer ouvir; fazer o que todos esperam, falar o que agrada a todos, ou discutir assunto da “moda”, simplesmente para se popularizar ou mostrar-se afinado ou “antenado” nesses acontecimentos sem nenhum outro objetivo. Na  prática, a repercussão de interesses popularescos não exerceria papel sugestivo para a transformação da mentalidade social de maneira justa, ou propor um outro caminho.  
Notícias relacionadas ao carnaval, por exemplo, podem ser destacadas de maneira a não promover a festa, mas suas co-relações com a violência, o abuso de bebidas alcoólicas e outras drogas; o turismo sexual nessa época do ano; doenças sexualmente transmissíveis  e acidentes, isso, claro, respaldado em dados estatísticos ou factuais. Nesse caso, há que se fazer pesquisas para embasar a abordagem. Em linhas gerais, a mídia prefere não divulgar pontos negativos da festa, exatamente por sua linha editorial que visa promover esse evento que, por outro lado, promove o comércio, as vendas, o turismo, consideravelmente viável para a sustentação comercial das emissoras de TV, rádio, revistas, etc, pelos contratos publicitários. Em vários outros casos, até mesmo notícias políticas ou de mercado, é preciso observar o que é fato e o que é publicidade. É muito comum lermos notícias que mais parecem promoção e propaganda. A análise crítica e a busca detalhada de alguma informação nesse nível, pode resultar num texto mais claro sob o ponto de vista do factual com relevância informativa.

Se a mídia de um modo geral repercute notícias que promovam alguma bebida alcoólica como benéfica ao coração, por exemplo, é preciso aprofundar a discussão com médicos e especialistas que tenham opiniões diferentes sobre o tema; se assim não for, esse tipo de notícia pode ser descartado dos noticiários da emissora. Outra contradição seria promover eventos de outros grupos que filosoficamente não compactuam da mesma crença, ou divulgar  produtos duvidosos sob os pontos de vista saudável, ético ou religioso ou que se chocam com os  princípios de fé defendidos pela linha editorial da emissora. Em linhas gerais é necessário que o editor jornalista observe detalhes que porventura venham trair a boa fé. Dessa percepção, depende todo o trabalho executado para que seja convergente sob todos os aspectos.  

Mais que ser jornalista ou comunicador, é importante que esses profissionais que prestam serviço a um veículo de cunho religioso tenha essa percepção e conhecimento sobre os princípios de fé, defendidos por sua organização. Podemos estar fazendo até coisas lícitas, sob o ponto de vista social, mas contraditório em relação ao que se crê.


 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

MISSIONÁRIA DO AEROPORTO DIZ QUE DEUS TEM UM POVO



“Os salvos em Cristo entenderão” – respondeu. “Jesus chorou por um povo no passado e eu fui revelada que Jesus chorou outra vez por um povo que se distanciou de suas verdades e que precisa voltar a praticar as boas obras. Santidade ao Senhor, é o que precisamos".  

Missionária do aeroporto como é chamada D.Isaura

Ela tem 79 anos. Disse que foi chamada por Deus para pregar o evangelho quando tinha quase 20 anos de idade. Com enxoval comprado para casar-se, decidiu viver para Deus.  Do sertão de Pernambuco, Isaura Lima passou os últimos 20 anos pregando em aeroportos brasileiros. Antes, passou  40 anos pregando o evangelho em vários outros lugares. Ela não se casou, não teve filhos; o que sabe é que tem sobrinhos em São Paulo,  mas não sabe ao certo em que cidade do Estado. Acredita que ainda tem uma irmã viva.

No aeroporto de Londrina onde fui esperar minha esposa e filho que voltavam do Rio de Janeiro, deparei-me com seus cartazes, afixados nas cadeiras e no carrinho utilizado para carregar as malas. Parei diante dos cartazes e comecei a ler vários versos bíblicos escritos à mão e com mensagens de advertência.E é ali mesmo, no aeroporto que passa a noite, dormindo nas cadeiras ao lado de sua Bíblia e de suas malas. A missionária passa 20 dias em cada aeroporto. Alimenta-se em restaurantes, os mais baratos que há próximos ao local. As vezes, lancha nos quiosques. Aposentada, ela disse que nunca lhe faltou nada e que Deus sempre envia pessoas para dar o que ele precisa.

Percebi que ela observava em silêncio o meu movimento, quando me dirigi a ela fazendo pergunta sobre o que li.

Ela me disse: “Eu  sou surda. Tudo o que quiser me perguntar, escreva neste papel” – trazendo-me imediatamente uma apostila para servir de base para eu escrever.

A "missionária do aeroporto" afirmou ter sido membro de igreja por 31 anos - apesar de ter me dito o nome da igreja quando lhe perguntei, ela pediu para eu não revelar o nome da Igreja nesta postagem, pois isso não ajudaria em nada mas revelou que começou a sofrer ‘perseguição’ dentro de sua própria igreja, ao tentar pregar as advertências que dizia receber pela revelação bíblica em contraste com suas práticas que o povo estava esquecendo. “Mas eu não quero falar de igreja; não falo de religião, não me preocupo com isso. Meu trabalho é alertar as pessoas” – disse.

“Poucos  querem a verdade. Deus me mostrou que meu trabalho é o de advertir os seus escolhidos, para que eles não troquem a salvação pelas coisas do mundo” – disse ela, sendo taxativa na afirmação: “O mundo não quer a verdade de Deus”.  



Perguntei a ela sobre religião, igreja, verdades da Bíblia, o que ela crê e o que ela prega e se eu podia publicar o que me dissesse.  

“Você faz muitas perguntas” – disse ela, bem humorada. “Vamos por partes” – emendou, já desconfiada que eu era de alguma igreja. "Jornalistas comuns não fazem perguntas do tipo que você faz".

Com um português impecável e, ao mesmo tempo, consisa nas palavras ela revelou que no início do chamado pensava em algo muito grande. Queria pregar no mundo inteiro por diversos meios, mas disse que Deus lhe mostrou outro caminho. “Eu queria um lugar, uma casa e condições materiais, mas Deus me revelou que o que Ele tem para mim não está aqui na terra, e que aqui eu teria que sofrer por sua causa. Eu já sofri muito, mas hoje eu já não sofro mais. Para mim é um alívio”.

Isaura lê com facilidade sem auxílio de óculos


A senhora fala sobre os salvos. Há alguém salvo? Como saber se uma pessoa é salva? – perguntei.



“Não me preocupo se estou salva ou não, nem se este ou aquele é salvo. Essa não deve ser a nossa preocupação nem o nosso julgamento. A nossa parte é fazer a vontade de Deus, e muitos preferem alimentar o pecado no coração, mesmo os que se acham santos. O mundo não quer nada com Deus e muitas igrejas vão pelo mesmo caminho”- respondeu.

Ela revelou um assunto extra-bíblico, afirmando que recebeu uma mensagem, dizendo que em 1985 concluiu-se o selamento e foi fechada a oportunidade para a salvação. "Os perdidos já estão perdidos. Eles não se voltarão para Deus". Ela disse ainda: "Minha mensagem é para aqueles que um dia ouviram a voz de Deus, se mantenham firmes em comunhão com Ele.

A senhora acredita que existe uma igreja verdadeira? – perguntei.

“Deus tem  um  povo. Primeiro o povo de Israel que o rejeitou. Depois foi instituída uma igreja que se prostituiu. Depois Deus levantou uma outra Igreja para restaurar a verdade, mas esta também já se afastou de suas verdades” – respondeu ela.



Perguntei a ela a  que igrejas se referia:



“Não quero falar sobre isso. Não quero criar polêmica religiosa. Já entrei em muita polêmica no passado, mas entendi que polêmica por causa de religião não ajuda. Os  salvos em Cristo serão revelados” – respondeu, e me fez um alerta: “Muito cuidado com o que você vai escrever sobre isso. Cuidado com a sua salvação. Não faça nada para trazer escândalo aos que vão ler o que estou lhe dizendo”.



Mas, de que igreja a senhora é?



“Sou da Assembleia celestial. Tudo o que faço é na presença de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo e seus anjos. Meu compromisso não é com igrejas, é com Deus. Hoje estou liberta. Não sou mais perseguida por pastores nem por igrejas” – enfatizou.



Mas não temos que congregar numa igreja?

“O sistema religioso está no fundo do abismo; as igrejas só pensam em dinheiro e posição; há muita vaidade e pecado escondido. Deus tem um povo. E este povo está espalhado por todo o mundo. Estes são os selados. As igrejas hoje tem medo de falar a verdade que precisa ser dita com medo de o povo ir embora" – afirmou, citando João 10:16; I João 2:6.

A senhora fala em resgatar verdades. Que verdades?

“Seguir o bom Pastor com ‘P’ maiúsculo. O pastor Jesus. Ele veio nos proteger da falsidade farisaica que até hoje predomina; e há ovelhas que pertencerão ao seu rebanho” – enfatizou, reforçando: “Andar como Jesus andou é a maior doutrina”.



Ela ainda disse que é preciso deixar o orgulho, a vaidade e tudo que nos afasta de Deus. “Deixar as coisas do mundo” – afirmou.

Mas isso não deixa as pessoas dispersas, sem rumo? Não há uma igreja?

“Os salvos em Cristo entenderão” – respondeu. “Jesus chorou por um povo no passado e eu fui revelada que Jesus chorou outra vez por um povo que se distanciou de suas verdades e que precisa voltar a praticar as boas obras. Santidade ao Senhor, é o que precisamos". 



Aqui no aeroporto, as pessoas param para lhe ouvir?


“Tem gente que para um pouco para ler os cartazes, curiosas. Outras me fazem perguntas, daí  eu respondo, faço oração e elas vão embora. Há os que me veem como louca e não dão atenção” – encerrou.

_______________________________________________________________________________



Refleti depois da conversa que tive com essa senhora, e percebi que ela só tem essa liberdade porque trabalha de maneira independente, fazendo o que diz acreditar sem representar ou estar em nome, ou carregar sobre si  a nomenclatura de alguma agremiação religiosa. Penso que se ela tivesse instituído uma igreja, seu discurso poderia parecer tendencioso para levar pessoas à sua denominação, o que naturalmente ocorre. Senti nela uma postura isenta de interesses denominacionais, pois ela rechaçou qualquer ideia e foi até cautelosa em não entrar no mérito da discussão sobre esta ou aquela igreja.

Elias Teixeira

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O CRIME NÃO COMPENSA?


Ponha tudo na balança se só espera desta vida

Crimes vistos e ocultos. Os da mente e os das mãos.  Afinal quem somos todos? Somos todos criminosos do oculto, das maquinações  da  mente  sem coragem de  agir?

 
De que valem nossos calos?
Dizem que o crime não compensa, eu acredito. E o trabalho? O bandido morre cedo, em plena juventude. Isso é recompensa? E o que compensa? E o suor do trabalhador que  do  seu  fruto não pode comer? Isso é recompensa? O que compensa? E  aquele   pobre  menino, sem futuro, sem suporte  para a vida dar um norte e  ser gente respeitada? E aquele  natimorto gerado em casa caída nem sequer à luz se deu? E aquele outro menino, pés descalços, magricela, que  olhando da  janela  vê a vida se passar! Ele é  filho do Geraldo, do Zé, do Severino, que  na cidade grande  tentou  a vida melhorar.   
Para quê tentar a sorte, onde só espertos sobrevivem?
Mas  foi pura ilusão. De que  vale  sua força , seus calos, seu saber? Este  mundo é do valente, do mais forte, mais esperto, que engana, negocia com astúcias  e  disfarces! Dizem que o crime não compensa, e é verdade. Mas então o que compensa? O que come o homem honesto que no jornal se fez manchete ao devolver o que achou? Do seu trabalho paga as contas, vive a vida com alegria, tem calçado, tem estudo e   moradia?   Onde está  a  recompensa?  o que compensa? O que fez aquele homem abrir mão da liberdade buscando abrigo e alimento na cela de uma prisão? O que compensa? Não é muito inteligente questionar o que compensa.  Colocando na balança, o prejuízo é de quem pensa. Onde está homem de bem, que  respeita  os limites e se torna um refém? O que compensa? Onde está o homem de bem vivendo  da verdade sem barganhar a consciência? Onde está o homem de bem que pratica a  justiça  sem autoafirmação, que com a mão entrega ao pobre sem que a outra veja a ação? Dizem que o crime  não compensa, e  isso é verdade.  E  o que compensa afinal?   Ponha tudo na balança  se   só  espera desta vida! 
"Quando um não quer, dois não brigam"
 Crimes vistos e ocultos. Os da mente e os das mãos.  Afinal quem somos todos? Somos todos criminosos do oculto, das maquinações  da  mente  sem coragem de  agir? Como buscar essa  justiça se os homens são injustos  oprimindo os  mais  fracos  que inda  morrem sem saber? Afinal o que  compensa? onde está a recompensa? Ponha tudo na balança se só espera desta vida!